domingo, 12 de setembro de 2010

Número 7 - Domingo, 12 de setembro de 2010.


As atrizes Ana Carolina Berto e Raquel Cunha, protagonistas do musical "Com todas as palavras..." de Antônio Carlos Dias e Silvano Motta que esteve em cartaz no Cine Teatro São João em São João da Barra

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Ao criar esta Revista de Campos, Marcelo Sampaio desativou o Blog do Sampa que mantinha na Internet desde 2008. No entanto continuará a entregar o Troféu Cultural a uma pessoa de destaque, por ano, na cultura campista.




A jornalista Lívia Nunes alegou problemas de ordem pessoal e ficará um tempo sem publicar sua coluna "Minúcia". No entanto o espaço vai continuar à sua disposição para retornar quando achar melhor.




O artista plástico Diogo d'Auriol de novo não enviou a nova edição da sua coluna antes do fechamento de nossa revista. Vamos procurá-lo esta semana para saber o por quê deste seu sumiço.

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NO MAU SENTIDO - MARCELO SAMPAIO


Sobre o paladar – Parte Dois
Quando restaurantes fecham ou retiram alguns pratos dos seus cardápios, quase ninguém percebe que estão sendo cometidos crimes idênticos ao de se construir prédios tenebrosos em Campos. Somos formados nesse caldinho de idiossincrasias e é preciso ter orgulho da argamassa gastronômica que a todos colocou de pé.
Não podemos deixar que a vulgaridade apressada da comida a quilo acabe com este pilar da nossa civilização. Precisamos impedir que esta nova ditadura, agora dos sabores, sepulte de vez as delícias suculentas dos nossos antepassados e a apetitosa mistura das nossas tradições.
Proponho um movimento similar aos protestos quando é derrubada uma casa antiga ou quando é cortada uma palmeira imperial na cidade. Eu, nostálgico glutão assumido, posso garantir que comida é antes de tudo cultura, um informativo extremamente importante para explicar por quê somos o que somos!
Pare o mouse: Algumas mulheres não envelhecem, ficam louras.

Fracassos & Derrotas
@ Pode se fazer cinema até sem câmera, mas definitivamente não é possível fazê-lo sem fita crepe...
@ É lamentável ter que ouvir em programas televisivos campistas apresentador falando “a vernissage” e entrevistado dizendo “vareia”.
@ Vamos ser claros aqui: A descrição de uma mesma cena feita por mulher ocupa 3 páginas, já a feita por homem somente 1 parágrafo!



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PEQUENO CADERNO DE ENSAIOS - CARLOS ALBERTO BISOGNO



11'09'01 - 11 Perspectivas





No dia 11 de setembro de 2001, às 11h, com o ataque às Torres gêmeas, para muitos historiadores teve início, na prática, o século XXI. A partir daí, as mais diversos modos de vermos e lidarmos com a diversidade do nosso mundo nunca mais seriam os mesmos. Começava ali um problema de segurança e de paranoia terrorista de proporções imensuráveis, que levariam os Estados Unidos a adotar medidas coercitivas na imigração e a entrar em guerra, em busca de vingança, imediatamente, com o Afeganistão, e dois anos depois com o Iraque matando milhares de pessoas. Hipocrisia humanitária a parte, 11/09 dos norte-americanos, não foi, num pensamento simplório, um dia terrível, mas sim, cheio de esplendor histórico, catarse de uma época e eu estava feliz e emocionado por testemunhar.

O filme que cito acima trata-se de uma colagem de esplendidos Onze curta-metragens abordando diversos aspectos dos ataques terroristas aos Estados Unidos, ocorridos em 11 de setembro de 2001. Danis Tanovic e Ken Loach relacionam a data do atentado a outros acontecimentos. Tanovic lembra-se do dia 11 de julho de 1995, quando ocorreu o massacre em Srebrnica e Loach rememora que Salvador Allende foi deposto do governo chileno em 11 de setembro de 1973. Idrissa Ouedraogo realizou uma comédia reflexiva sobre Burkina Faso. Samira Makhmalbaf mostra uma professora que tenta explicar o ataque a um grupo de crianças. Sean Penn evoca a vida de uma viúva que morava à sombra das duas torres desabadas. Claude Lelouch descreve as reações de vários surdos ao evento ou que testemunharam o evento. Shonei Imamura recorre às memórias japonesas da Segunda Guerra Mundial e Mira Nair mostra os problemas das minorias étnicas. Amos Gitai dá a sua interpretação sobre o papel da mídia em uma informação de significado internacional. Alejandro González Iñárritu apresenta 11 minutos de preces na escuridão, enquanto Youssef Chahine reflete a perspectiva do Oriente Médio.

Essa é a brilhante contribuição de Ken Loach:





http://cinemabisogno.blogspot.com/
http://www.dailymotion.com/CarlosAlbertoBisogno


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UM POUCO DE TUDO - ELAINE OLIVEIRA



Noite Importante
Terça-feira, dia 14 de setembro, o advogado Carlos Alberto Redondo será promovido na Exaltação Grau 3 da Loja Maçônica Fraternidade Campista. Logo após a solenidade os maçônicos e convidados presentes degustarão um delicioso jantar...

Coluna Nova
Em termos de jornalismo on-line o Jornal Multimídia é pioneiro na região norte-fluminense. O jornalista Antônio Filho, seu criador e editor, está sempre preocupado com a qualidade das suas edições semanais. Por falar no JM, o expert em sonorização Victor Mineiro acaba de estrear uma interessante coluna lá intitulada "Musicando"!

Clima Colorido
Nos últimos dias Campos viveu um clima mais colorido do que normalmente costuma viver. Afinal de contas na segunda quinzena de agosto aconteceu o 1° Gala Gay da cidade no Parthenon, já na primeira quinzena deste mês foi realizada a 5ª Parada do Orgulho LGBT também em Guarus.

Idéia Legal
Excelente é como pode ser classificada a iniciativa da agência Kamila Viagens de oferecer um chá, com direito a uma palestra sobre cruzeiros marítimos. O referido encontro ocorreu no salão Multifestas do Parque Aurora e sua idealizadora a Kamila Passos anda recebendo muitas felicitações pela organização irretocável.







O fantástico músico e produtor musical Renato Arpoador quando concedeu entrevista ao programa "No Ritmo da Folia", apresentado pelo Marcelo Sampaio na TV Litoral.






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HISTÓRIAS QUE EU VI, OUVI E VIVI - NILSON MARIA




GARANTIDO OU CAPRICHOSO?


No início os anos 90 fui mandado pelo Banco do Brasil para Brasília, onde desempenhei funções de Consultoria Interna. Foi o melhor período de minha trajetória bancária, que me acrescentou conhecimentos e me levou a conhecer um Brasil de belezas impressionantes como o Pantanal Mato-Grossense e a Amazônia e regiões inóspitas e fora de qualquer roteiro turístico, como os interiores do Acre e de Roraima.
Em 1992 chegava eu a Manaus para a minha primeira missão no Estado. No táxi, a caminho do hotel, o motorista perguntou:
- O senhor é Garantido ou Caprichoso?
Sem entender bulufas, amarrei a cara e mandei:
- Sou Garantido, por quê?
- É pena, respondeu ele. Hoje vai ter ensaio do Caprichoso.
Pouco depois, ao chegar ao hotel é que fui entender a pergunta do taxista. O saguão estava todo decorado com publicidade de Garantido e Caprichoso, os dois Bois-Bumbás de Parintins que dividem torcida em todos os estados da região amazônica.
Nos contatos com os colegas da Superintendência e Agências do Banco pude saber mais da extraordinária rivalidade entre as duas agremiações e mais uma informação que me deixou espantado: Naquela época, início da década de 90, o sudeste do Brasil desconhecia o Boi-Bumbá, mas a CNN americana todos os anos enviava equipe para transmitir ao vivo flashes do espetáculo que acontecia numa ilha perdida no meio do Rio Amazonas, na cidade de Parintins.
Estávamos no mês de maio, quando fervilhavam os ensaios dos dois bois que atraíam em Manaus milhares de pessoas, muitas delas turistas.
Impressionou-me ver a comercialização de discos, relógios, camisas, bonés, chaveiros, etc com o símbolo dos dois.
Fiquei sabendo que haviam tentado trocar o ritmo tradicional das toadas de bois para os sambas-de-enredo e eles recusaram solenemente a proposta, ao contrário do que fizemos aqui, onde retiramos a autenticidade do nosso Boi-Pintadinho.
Naquela época a festa já tinha entre os seus patrocinadores a Coca-Cola que, ao menos nesta oportunidade, fabricou garrafas também com a logomarca do refrigerante em azul, cor do Caprichoso.
Tornaram-se freqüentes as minhas viagens a Manaus e eu aproveitava a oportunidade para colher mais informações sobre as histórias de Garantido e Caprichoso.
A pesquisa deu-me a convicção de que, a despeito de tanto sucesso, o Boi-Bumbá do Amazonas não guarda nenhuma relação com o folclore do Brasil.
Na verdade a sua existência é recente, pouco mais de 60 anos. Começou com duas famílias de maranhenses que foram morar em Parintins e fundaram lá Garantido e Caprichoso para recordar o Bumba-Meu-Boi do Maranhão, este sim autêntico e que guarda consonância com a nossa história.
A criatura cresceu tanto e ultrapassou o criador. Os enredos anualmente têm motivação nas lendas indígenas e é em torno das diversas tribos da Amazônia que gravita a apresentação dos dois concorrentes. Um erro crasso, pois, como sabemos, no Brasil, índio nunca cuidou de boi, tarefa que sempre foi reservada aos negros escravizados. Pior ainda, em Parintins, terra do Boi-Bumbá não se encontram cabeças de Boi e Vaca, mas uma bela criação de Búfalos.
Alguns anos depois fui desenvolver um trabalho na ilha de Parintins, onde o Banco do Brasil alcançava resultados financeiros desanimadores. Ao chegar lá encontrei um prédio horroroso e uma história surrealista. O projeto desenvolvido pelo Departamento de Engenharia do Banco para a reforma da Agência previa a colocação de pastilhas azuis sob as janelas do prédio e brancas, em um paredão ao lado da porta principal. Azul é a cor do Caprichoso e vermelho é a cor do Garantido. Ao ver a obra se aproximar da reta final os adeptos do Garantido iniciaram uma campanha para que todos os “vermelhos” retirassem suas contas do Banco. O Gerente era simpatizante do Caprichoso, sua filha a Cunhã-Poranga (Moça Bonita) da agremiação, mas não tivera qualquer ingerência no projeto. Pelo contrário, ponderara ao Departamento de Engenharia sobre a inconveniência de se colocar a cor de um dos dois bois na fachada do estabelecimento, em detrimento do outro.
Levou uma reprimenda, pois, afinal, o projeto arquitetônico tinha uma assinatura e não podia ser modificado. Ainda assim, corajosamente, adotou uma decisão que acalmou os ânimos e lhe deu muita dor de cabeça. Mandou retirar as pastilhas brancas do paredão e colocou no lugar pastilhas vermelhas, contentando, assim, os dois lados e acalmando os ânimos.
Esteticamente ficou horroroso e quando de minha ida até lá ele já estava respondendo a um inquérito administrativo para avaliar a insubordinação de alterar um projeto da empresa.
Em meu relatório final encaminhei para a diretoria do Banco um parecer justificando a atitude do administrador.
É que só quem vai a Parintins pode aquilatar a que nível chega a rivalidade entre Garantido e Caprichoso.
Pessoas amigas e solidárias durante todo o ano, simplesmente não se falam quando se aproxima a época dos desfiles, que acontecem na última semana de junho. Os simpatizantes de uma entidade não pronunciam o nome da outra, referindo-se, simplesmente, como “contrário”.
A cidade literalmente se divide em azul e vermelho, assim como o Bumbódromo. Entre os quesitos em julgamento está a torcida, que, desta forma, mantem-se calada quando o rival está desfilando, pois qualquer manifestação hostil redunda em perda de pontos.
Atualmente a Rede Bandeirantes tem transmitido os três dias de desfiles. São três horas por dia para cada agremiação e não se torna monótono, pois, a cada dia, os desfiles são absolutamente diferentes. Músicas, Alegorias, Fantasias, Coreografias preparadas para cada oportunidade. Mulheres lindíssimas da Amazônia prestigiadas, pois Garantido e Caprichoso não aceitam a imposição de modelos e vedetinhas em posições de honra.
Vendo aquilo tudo eu me pergunto como pode o coração da floresta produzir algo tão grandioso e espetacular que já supera em luxo e opulência os desfiles carnavalescos do Rio de Janeiro e São Paulo? Parintins hoje exporta mão-de-obra e é importante saber que todas as evoluções tecnológicas apresentadas nos desfiles destas duas cidades vêm da criatividade do caboclo amazonense.
Eu estive lá! Este ano, atendendo à minha sugestão, meu irmão foi com a esposa a Parintins conferir pessoalmente a grande festa. O parintinense se orgulha em dizer que é o maior congestionamento fluvial do mundo, com milhares de barcos de todos os tamanhos e muitos navios de turismo parados em torno da ilha.
O casal voltou impressionado! A festa de Parintins é espetáculo para ser visto e nunca mais esquecido. Ah, sim! Informaram-me que a pavorosa fachada do Banco do Brasil, nas cores vermelha e azul foi alterada de novo, desta vez para cores neutras. Menos mal!


Aposentado, radialista, apresenta o Programa Nilson Maria, de Segunda a Sexta-Feira, entre 15:00 hs e 18:00 hs, na Rádio Absoluta AM – 1.470.



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FRASE DA SEMANA, QUER DIZER DO BERNARD SHAW:

"Os capazes criam, os incapazes ensinam".





Expediente:

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