domingo, 8 de agosto de 2010

Número 2 - Domingo, 8 de agosto de 2010.


A partir de amanhã estarão abertas duas exposições de artes plásticas no foyer do Teatro Municipal Trianon. Uma de marchetaria e outra de telas em miniatura



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Ao criar esta Revista de Campos, Marcelo Sampaio desativou o Blog do Sampa que mantinha na Internet desde 2008. No entanto continuará a entregar o Troféu Cultural a uma pessoa de destaque, por ano, na cultura campista.


O artista plástico Diogo d'Auriol deve ter tido algum contratempo e não conseguiu enviar a sua nova coluna, que certamente deverá ser publicada em nossa próxima edição.


Estamos muito felizes com a repercussão que anda tendo a Revista de Campos. Com poucos dias de lançada já possui 12 seguidores e recebeu 5 comentários. Isso sem falar nas mensagens de incentivo que nos foram enviadas e na divulgação que temos recebido de Orávio de Campos Soares, Iara Lima, Vitor Menezes (urgente.blogspot.com), Newtinho Guimarães, Ana Maria Pellegrini, Álvaro Marcos (www.nf10.com.br), Pericles Emmanuel, Gladys Gama França, Branca (florenceapagaaluz.blogspot.com), Grasiela Pinto, Cláudio Galvão e Roberto Moares (robertomoraes.blogspot.com).

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NO MAU SENTIDO - MARCELO SAMPAIO


Um triste legado

Nas pesquisas para minha tese de Doutorado intitulada “De Tia Ciata ao Novo Milênio: A Construção da identidade cultural do Rio de Janeiro”, que pretendo defender até 2012, tenho me interessado por alguns assuntos não relacionados diretamente ao tema em questão.
Um deles diz respeito ao Pereira Passos, que quando prefeito da cidade do Rio de Janeiro em 1906 destruiu sem dó nem piedade grande parte da arquitetura colonial do Centro carioca para possibilitar o alargamento de ruas como a Assembléia, Uruguaiana, Passos, entre outras...
Com esta sua atitude totalmente desprovida de qualquer consciência histórica sucumbiram centenas de construções. Sendo assim caíram por terra casas com suas paredes de argamassa em óleo de baleia e igrejas barrocas com seus telhados em diversos níveis. Para piorar, o dito cujo ainda é reverenciado até os dias de hoje!
Pare o mouse: Parto natural é cesariana!

Fracassos & Derrotas
@ Dependendo da situação a definição de uma pessoa muda. Quando está errada é teimosa, já quando está certa é fiel aos princípios...
@ Toda separação é uma tentativa desesperada de transformar uma vida chata em duas vidas muito mais divertidas.
@ Certo empresário campista bem-sucedido elogiou numa entrevista determinada churrascaria recém-inaugurada por não ter só carne, mas salmão também. Por acaso peixe é vegetal ou mineral?


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PEQUENO CADERNO DE ENSAIOS - CARLOS ALBERTO BISOGNO



Back to the Future - Parte II


De uns tempos para cá se percebe que trailers e filmes tradicionais estão primando pela criação de uma atmosfera intensa e chocante, com objetos voando em direção à platéia, som intenso, cortes abruptos, por vezes incrivelmente ágeis, gerando sustos ou surpreendendo a quem assiste. Apesar de como já é tratada, essas fórmulas não parecem identificar características vanguardistas, porque ao longo do tempo se notou que determinados modos de manusear a linguagem cinematográfica criavam emoções intensas o suficiente para o espectador se sentir "na pele" do próprio protagonista em eventuais situações. Essa linguagem especifica ainda não está completamente desvendada, mas o que se deduz facilmente olhando as obras recentes é que a interação emocional está ligada ao uso do que convencionalmente se chama de sexta parede, ou seja, a distância entre a cena e o espectador.


O gênio Alfred Hitchcock, ainda na década de 50, decifrou muito bem essas características, o que ligeiramente o destacou sobre os outros realizadores da época. "Disque M para Matar" causou impacto na platéia quando Ray Milland usa uma tesoura para atacar Grace Kelly. O objeto voa em direção da platéia, perturbando completamente a imersão e causando a imediata e inesperada sensação de presença do espectador dentro da cena, e isso, mesmo numa projeção tradicional 2D.


Na verdade, é justamente nessa conexão principal entre filme e espectador que o 3D possui sua melhor característica. Quem já experimentou o 3D sabe que todos os elementos em primeiro plano, ou seja, os elementos mais próximos da tela, possuem um destaque muito maior aos que estão distribuídos em outros planos visuais, mesmo a frente desta, pois é onde o efeito de tridimensionalidade se torna mais visível. Um dos melhores filmes de terror lançados em 2008, o espanhol "REC" (2008), que arrancou pulos e sustos da platéia, teria a intensidade emocional ampliada caso conhecesse as possibilidades do recurso 3D, já que muitas das surpresas incluíam a interação com a sexta parede.


Dessa forma notamos que o cinema 3D e o cinema tradicional são formas muito diferentes, mas possuem pontos de interação. O cinema 3D está para o cinema tradicional, assim como o cinema sonoro está para o cinema mudo. Mas, atenção! Isso não significa que um é melhor que o outro, mas sim que, mesmo derivados de uma linha geral que visa o realismo sensorial, cada meio possui sua própria especificidade. O cinema tradicional se empenha em criar imersão de forma mais introspectiva e intelectual e o cinema 3D de forma mais intuitiva e participativa, isto é, com maior exteriorização de formas emocionais, ainda que essas características não sejam totalmente estanques e possam ser, de acordo com cada proposta artística, melhor ou pior aproveitadas.


Como já dito anteriormente, ainda seremos obrigados a aguardar alguns anos até que a linguagem 3D comece a ser suficientemente desenvolvida neste aspecto. Por quê? Enumero alguns fatores:


1) A imaturidade: por enquanto, a maior parte dos cineastas encara o 3D como um brinquedo novo. E, como crianças empolgadas, sentirão a necessidade de exibir este brinquedo para todos através de trucagens que em nada acrescentam à narrativa, servindo apenas como distrações - se encaixando, aqui, todos os exemplos de planos em que algo parece pular na direção do público, o que, por romper a quarta parede e expor a artificialidade do Cinema, enfraquece a narrativa.


2) O costume: ao longo dos últimos cento e tantos anos, os cineastas se habituaram a pensar em apenas duas dimensões ao conceberem seus planos. Serão necessários alguns anos até que consigam se acostumar com a dimensão extra e percebam que agora não precisam mais usar a perspectiva artificialmente, mas que podem literalmente explorar a profundidade do quadro.


3) O dinheiro: como toda grande mudança técnica na História do Cinema, o 3D não surgiu de um impulso artístico, mas como conseqüência de preocupações estritamente financeiras. Foi assim com o Som, com a Cor e com o abandono do 1.33:1. Assim, o 3D é mais uma resposta direta às ameaças da pirataria do que qualquer outra coisa. Porém, o número de telas 3D ainda é relativamente pequeno e, portanto, nenhum filme se pagaria caso buscasse explorar apenas os cinemas aptos à exibição em três dimensões. Conseqüentemente, os cineastas ainda não têm liberdade para pensar estritamente em 3D, já que devem se preocupar também com as telas em que seus filmes serão exibidos em 2D - o que, obviamente, é um imenso obstáculo ao desenvolvimento da linguagem. Além disso, há a questão do home video, que representa uma fatia determinante na renda das produções e que ainda não conta com uma solução de exibição em três dimensões.


Porém, considerando os esforços de Jeffrey Katzenberg, chefão da DreamWorks, e do próprio James Cameron no sentido de popularizar o formato (incluindo o desenvolvimento de um 3D que não exija o uso de óculos especiais), é apenas uma questão de tempo até que nos aproximemos do momento em que os cineastas finalmente se verão completamente livres para que possam explorar e desenvolver a linguagem - e esta é uma pequena revolução que estou ansiosíssimo para testemunhar e fazer parte.


Continua...


http://cinemabisogno.blogspot.com/
http://musicaencena.blogspot.com/
http://cadernodeensaios.blogspot.com/
http://www.dailymotion.com/CarlosAlbertoBisogno


Notas de rodapé: Boulevard Shopping Campos é o primeiro do segmento feito em Campos dos Goytacazes que contará com salas de cinema digital e 3D. O projeto está programado para inaugurar em abril de 2011.


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MINÚCIA - LÍVIA NUNES



Menino do ônibus

Debaixo do sol da primeira hora da tarde, entrei no ônibus. Um menino de pele clara e roupas muito sujas me acompanhou e entrou no mesmo ônibus pela porta da frente, sem pagar. Ainda no ponto de ônibus havia reparado em suas unhas das mãos e pés porque estavam muito sujas como as de um mecânico, que as suja de graxa durante o trabalho. Sua camiseta branca tinha manchas de sujeira.
Paguei a passagem, sentei em um dos bancos ao lado de uma senhora mal encarada e esqueci o menino até que ouvi uma voz fraquinha e meio rouca, quase um sopro de barulho iniciando um pobre discurso.
— Com licença. Boa tarde senhoras e senhores passageiros. Eu vim aqui hoje para conseguir o leite da minha irmãzinha.
É fato que essa história de irmãzinha é típica. Da última vez que acreditei em um menino que queria um salgado para levar para irmãzinha, ele disse que a suposta irmã tinha dois meses de idade. A inocência era tanta que não sabia que bebês recém nascidos não tem dentes para comer salgados. O menino se negou a comer na minha frente e vi quando ele se encontrou depois com um homem mais velho para quem provavelmente deu o salgado.
Estava, então, decidida a não ajudar o menino do ônibus com esmola, mas o menino não tinha o talento habitual dos pedintes, dos homens que falam alto e impõem a sua presença ao pedir. A voz dele quase não se ouvia. Ele falava e ao perceber que ninguém o dava atenção, tentava ser mais persuasivo com voz de desespero. “Por favor, gente, eu preciso.” Senti pena do menino. Pensei nos pais que obrigam as crianças a pedir dinheiro e batem nelas, quando não conseguem.
O menino começou então a percorrer o corredor do ônibus à espera das esmolas. Para minha surpresa, não foram poucos os que lhe ajudaram. Quando chegou ao final do ônibus, tinha as mãos cheias de moedas. Foi até o motorista se equilibrando porque não podia se segurar com as mãos ocupadas e pediu para que parasse. Quando deu o passo em direção à escada, foi que aconteceu — as moedas, que carregava com tanto cuidado, se estatelaram no chão. Tamanho foi o desconserto do garoto. Abaixou a catar as moedas correndo enquanto todos o olhavam discretamente apreensivos. O motorista esperava pacientemente. Quando o menino terminou o árduo trabalho, se levantou e, no impulso de seu movimento, as moedas voltaram a cair. Os passageiros, que em geral, se mantinham em silêncio e fingiam que não percebiam o que acontecia, expressaram um som de decepção e cansaço pelo trabalho do menino. Um senhor, vendo que o garoto não conseguia catar as moedas, se levantou e o ajudou.
Enfim, o menino conseguiu descer do ônibus com suas moedas. Rubro, acho que só não desatou a chorar dentro do ônibus por vergonha de ressaltar que era uma criança. Em silêncio, sofri por ele. Voltei a vê-lo na rua tempos depois e ele estava chorando.
Ainda vi o menino muitas outras vezes. Primeiro, na televisão, depois, na internet e nos jornais. Tinha apenas dez anos. Ele — o menino seqüestrado em Alagoas — foi encontrado nas ruas de Campos pedindo esmolas. Sua família veio às pressas ao seu encontro. Não seria mais aquele meu menino do ônibus.


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UM POUCO DE TUDO - ELAINE OLIVEIRA


Capricho Puro
Mesmo faltando mais de um mês, o estilista Nelcimar Pires está se dedicando quase que integralmente ao seu desfile deste ano em prol da COESA. No dia 30 de setembro ele vai lançar também a 11ª edição da sua Revista Noivas, a qual como sempre terá um visual caprichadíssimo!

Bela Iniciativa
Foi muito interessante o evento que Delsinho Gomes organizou no Parthenon mês passado. Na referida noite aconteceram desfile de modas, apresentação de dança, performance de pintura corporal, concurso de beleza e show com Dom Américo acompanhado da sua banda.

Grande Inovação
O Teatro Municipal Trianon ficou literalmente lotado quando por lá se apresentou o espetáculo “Isto é Brasil”, com Carlinhos de Jesus e Ana Botafogo. Merecem registros as qualidades da iluminação, do repertório e das coreografias; que não deixam ser percebida a ausência de cenário dele...

No Ar
Já está na grande rede, que é a Internet, o primeiro ensaio fotográfico do carnavarazzo.blogspot.com. Produzido por esta colunista contém 12 belas fotos da Daniela dos Santos Gomes, ex-Rainha do Carnaval de Campos eleita em 2008. É só acessar e conferir, falou?





Os jornalistas Gustavo Oviedo, Ricardo André Vasconcelos, Vitor Menezes e Álvaro Marcos quando entrevistaram no "Mercearia Campista", excelente programa da Mult TV, o fantástico cronista esportivo Péris Ribeiro (ao centro).



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HISTÓRIAS QUE EU VI, OUVI E VIVI - NILSON MARIA



DISCURSO INFELIZ

Genro do então prefeito Zezé Barbosa, o Professor Sérgio Diniz foi lançado candidato a Deputado Estadual numa campanha em que Zezé conseguiu o prodígio de apoiar nada menos que quatro candidatos a Deputado Federal: Sady Bogado, Walter Silva, Gustavo Farias e Ronaldo César Coelho.
Eram tempos em que Zezé Barbosa e Alair Ferreira dividiam o poder político e os votos da cidade. Para mim, particularmente, um momento difícil, pois, coincidentemente, nesta época, minha mãe definhava, a caminho da morte.
Contratado por Zezé, eu apresentava os comícios de Sérgio. Entristecido e deprimido pelo estado de saúde de minha mãe, tinha que toda noite, “engessar” um sorriso falso, para não deixar transparecer o meu estado de espírito, pois, afinal, o contratante e o público não tinham nada a ver com os meus problemas pessoais.
Sorrindo, aparentando felicidade, anunciava os oradores e cantores do showmício e, enquanto eles se apresentavam, descia do palanque com os olhos marejados e preocupado com o estado de saúde da minha mãe.
Numa noite, em um determinado bairro da cidade, anunciei o farmacêutico do lugar, homem querido, respeitado e em condições de conseguir muitos votos para o Professor Sérgio Diniz. Desci do palanque enquanto acompanhava o seu discurso.
O orador, empolgado, enaltecia as qualidades do Professor:
- “Filho de família humilde venceu na vida por seus próprios méritos. Ex-seminarista deu a Campos a Faculdade Cândido Mendes...” e seguiu até arrematar:
- “Em suma, senhoras e senhores, Sérgio Diniz que aqui está...”
Nesse momento, percebendo que o discurso caminhava para o final, voltei para o palanque, enxugando os olhos, enquanto o orador concluía:
- “Sérgio Diniz que aqui está é tão honesto, tão honesto, que nem parece político!”
Num palanque recheado de políticos o discurso teve um efeito devastador. E eu, apesar de triste, me contive para não cair no riso, diante da infelicidade do orador.
Ele foi vetado e, até o fim da campanha, proibido de fazer novos pronunciamentos públicos.

Aposentado, radialista, apresenta o Programa Nilson Maria, de Segunda a Sexta-Feira, entre 15:00 hs e 18:00 hs, na Rádio Absoluta AM – 1.470.


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FRASE DA SEMANA, QUER DIZER DO ARNALDO BLOCH:

"Toda decisão é um erro".


Expediente:

A Revista de Campos é uma publicação semanal, atualizada sempre aos domingos. Todas as informações contidas aqui são de responsabilidade dos respectivos autores, não interferindo este veículo em suas opiniões. Ressaltamos ainda que os nossos colaboradores não possuem qualquer vínculo empregatício.

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