domingo, 29 de agosto de 2010

Número 5 - Domingo, 29 de agosto de 2010.


A nossa primeira Entrevista Especial é nada mais nada menos do que com o irreverente advogado Ivan Granato, o qual provou definitivamente não ter mesmo "papas na língua"


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Ao criar esta Revista de Campos, Marcelo Sampaio desativou o Blog do Sampa que mantinha na Internet desde 2008. No entanto continuará a entregar o Troféu Cultural a uma pessoa de destaque, por ano, na cultura campista.



A jornalista Lívia Nunes alegou problemas de ordem pessoal e ficará um tempo sem publicar sua coluna "Minúcia". No entanto o espaço vai continuar à sua disposição para retornar quando achar melhor.



O jornalista Paulo Ourives nos enviou um comentário informando que acaba de disponibilizar na Internet o vídeo "Samba-Enredo como marketing político no Carnaval de Campos - Olhar de cumplicidade e omissão da imprensa", o qual serviu como seu Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Comunicação Social. Os interessados em assisti-lo podem acessar http://www.youtube.com/watch?v=AIhpEOW9Uys (1ª parte) e http://www.youtube.com/watch?v=WWSNQXeiNNQ (2ª parte).


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NO MAU SENTIDO - MARCELO SAMPAIO



Três grandes fases
Acho que atualmente talvez esteja com o melhor grupo de orientandas que já orientei. Não só os assuntos das suas dissertações de Mestrado são interessantes, como elas possuem uma considerável bagagem cultural e estão ávidas para aprender cada vez mais...
Dia desses conversando com duas delas acabamos divagando e entrando nas pra lá de curiosas relações humanas. Para ser bem preciso, nos relacionamentos entre homens e mulheres que parecem inesgotáveis fontes de reflexões das mais variadas.
Após horas de muitas colocações e análises, chegamos meio que a um consenso. Concluímos que a vida humana se divide em três significativas fases que são a masturbação, a maconha e a meditação. Porém a maioria das pessoas não consegue chegar à última!
Pare o mouse: A decepção é a raiva dos fracos.

Fracassos & Derrotas
@ Determinado empresário se orgulhar de ter trazido um conceito de Barra da Tijuca para Campos é o mesmo que afirmar o mau gosto do seu empreendimento.
@ Há tempos eu descobri que uso a minha memória muito mais para esquecer do que para lembrar...
@ Não se deixe iludir leitor: Todo filme é falso, assim como toda literatura é mentira!


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PEQUENO CADERNO DE ENSAIOS - CARLOS ALBERTO BISOGNO



Sobre o Pólo de Cinema de Campos


Durante a Audiência Pública na Câmara de Vereadores que discutiria, em dezembro de 2009, a implantação do Pólo de Cinema na região, fui indicado para representar o pensamento de um pequeno, mas importante grupo que nasceu através de uma iniciativa da pró-reitoria de extensão da UENF e que tem trabalhado para ver desabrochar em nossa cidade a apreciação e produção de cinema, a forma artística que considero a mais completa, por conter em si, mesmo que subjugadas por uma linguagem própria: a literatura, a música, as artes cênicas e visuais.


O audiovisual enquanto mecanismo de representação do real, ao veicular pontos de vista, contribui para a manifestação da variedade de olhares. Aqui, creio ser importante lembrarmo-nos do conceito de perspectiva, que pode ser descrita como a arte de representar em uma superfície plana as coisas da maneira que as vemos. Assim sendo, as produções de imagens e sons, realizadas apoiando-se em determinada perspectiva, como é quando nos deparamos com uma produção fílmica, servem para fundamentar a importância, a meu ver, de se ter o cinema como prática de se lançar livres olhares, de ser livre e experimentar o mundo. É uma ferramenta que propicia a supressão de estereótipos e categorias redutoras que tanto limitam o pensamento humano e a prática da educação.


Cabe também dizer aqui neste ponto que criar um Pólo de Cinema, não é como muitos imaginam, construir estúdios milionários, mais sim um conjuntos de mecanismos que viabilizem e incentivem a produção audiovisual. Um Pólo de Cinema não é uma instituição ou lugar como erroneamente insinua a expressão, é um projeto.


A região tem passado por transformações importantes nas últimas décadas e essas mudanças econômicas e políticas estão relacionadas com um processo mais geral de transformações que ainda tendem a se intensificar.


Portanto elaborando e incentivando projetos que busquem criar uma cultura, entre outras, de produção e consumo audiovisual em Campos, não se está incentivando apenas um projeto específico, mas sim o desenvolvimento de diversos setores da sociedade como a economia e a educação que devem e precisam acompanhar estas transformações.


O cinema, imagem em movimento, vai muito além da sua superficial função de entretenimento, ele suscita pensamentos, propõem-nos modelos e comportamentos, condicionam de uma forma positiva ou negativa a nossa atitude e concepção do mundo. É deste fenômeno tão abrangente que tratamos.


Espera-se por parte das entidades de ensino e governamentais, uma tomada de posição objetiva na defesa dos valores em que se prezem a liberdade de expressão e a liberdade de consumo da arte. O Homem enquanto ser criativo, expressivo, sensível e equilibrado, não pode ser afastado/alijado do entendimento do cinema. O cinema não deve ser um produto formatado pela televisão – esta mídia é maior que a mídia televisa, não só em tamanho, mas em qualidade visual, intelectual e artística.


Temos todos sonhado com o desenvolvimento sustentado da nossa cidade. Desenvolvimento que signifique prosperidade para todos, que signifique oportunidades iguais para todos. Que signifique a inclusão de todos. Um sonho simples. Um sonho claro. Um sonho que deve ser um compromisso. Compromisso que, se firmado, pode se tornar realidade.


http://cinemabisogno.blogspot.com/
http://www.dailymotion.com/CarlosAlbertoBisogno


Nota de rodapé: De dezembro de 2009 até então parece ter estagnada a tentativa de início do Projeto do Pólo de Cinema, em parte pelas eleições e pelo conturbado momento político na cidade. No entanto, boa parcela da letargia se deve à falta de real vontade por parte de todos de que as coisas avancem. Eu continuo fazendo a minha parte!


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ENTREVISTA ESPECIAL: IVAN GRANATO



Entre outras pérolas o entrevistado Ivan Granato falou para o entrevistador Marcelo Sampaio que "Cirurgia plástica não melhora nada, aleija"!


67 anos nascia Ivan Granato, filho do meio de uma família campista de classe média, cujo primeiro emprego como auxiliar de escritório teve o salário achatado por conta da recessão econômica causada pela Ditadura Militar no Brasil.
Trabalhou como contador prático antes de se formar num curso de técnico em Contabilidade e só mais tarde colou grau em Advocacia na tradicional Faculdade de Direito de Campos. Atualmente está aposentado, porém disposto como nunca.
Ainda jovem montou o conjunto Blue Star, ao lado do amigo e mecânico Pedro Franco, no qual tocava bateria. O dito cujo se apresentou em muitos bailes de formatura do antigo IEPAM e fez um tremendo sucesso com as normalistas daquela época.
Como baterista acompanhou diversas vezes o cantor Jean Carlos, que era cego, no Ginásio Olavo Cardoso do Automóvel Clube e na “zona” Paraíso Perdido perto da Estação Leopoldina. Perdeu as contas de quantas vezes foi de Kombi curtir domingos com “putas” no litoral sanjoanense.
Apesar de hoje em dia já ser avô, mantém quase que intocável o seu jeito pra lá de moleque. Esta sua molecagem faz dele a principal estrela do quadro de debates do programa apresentado pelo Nilson Maria na Rádio Absoluta AM, de segunda a sexta-feira.
Ao ser perguntado sobre ter implantado uma prótese peniana, respondeu: “Minha diabetes prejudicou meu desempenho sexual e quando tomei Viagra tive uma insuportável enxaqueca. Gastei muito com médicos e sem dúvida alguma aquela foda do 'azulzinho' foi a trepada mais cara que dei na vida”.
No entanto faz questão de informar, segundo ele aos muitos interessados, que junto ao “novo pênis” tem que estar o desejo mental. Em relação ao sexo é taxativo: “Sem tesão não dá para viver”. Mais lacônica, só a sua opinião a respeito da Justiça atual no Brasil: “Já foi séria”.
Entre as diversas histórias que contam sobre ele existe a do fã-clube que teria fundado para Roberta Close. Afirma que tudo não passou de uma sacanagem com alguns amigos freqüentadores do Bar Estrela, que se localizava no Centro da cidade em frente a um Cartório.
“Tirei uma foto da turma reunida numa 'bebedeira' e enviei-a para o Jornal Última Hora, informando que todos eram grandes admiradores da beleza do referido travesti. Assim que foi publicada deu a maior confusão, pois as mulheres deles queriam se separar e eles me baterem”.
Desde criança gosta de desenhar, mas agora tem pintado telas a óleo. Seu estilo é realista, o que não o impede de incursionar pelo abstracionismo. Deve tratar-se de influência do irmão caçula Ivald Granato, artista plástico consagrado a nível internacional.
Por falar nisso, uma “paisagem” sua está exposta no Palácio da Cultura. Nos seus planos estão terminar o curso de pintura que faz e voltar a tocar bateria. Quanto ao lazer continua um pé-de-valsa inveterado, porém frisa: “Danço como nos antigos convívios sociais, não a ridícula dança de salão”.
Questionado acerca de uma frustração, comentou: “Não ter mais 15 anos para realizar as loucuras que não consegui realizar”. Já sobre um orgulho, falou: “Ter conseguido me formar num curso superior sem perder a espontaneidade. Jamais me privei de falar puta-que-pariu, porra, cacete e merda”.


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ESPAÇO LIVRE - DIOGO D'AURIOL


O Desejo da Virgem

Juju, como era mais conhecida na baixada campista, sonhava em se casar virgem. Seu enxoval fora preparado precipitadamente quando ainda criança: toalhas de crochê com bordados encerrando o mimo, fita de cetim cor pastel, etc. A adolescente de quatorze anos não era bonita nem feia, uma púbere de traços delicados e corpo esguio.
A moça nunca saiu da sua localidade até o dia em que sua madrinha, que não a visitava desde que ela tinha dois anos de idade, veio visitá-la aproveitando a vinda à cidade por razão da doença terminal da mãe.
A madrinha convenceu a comadre a levar a afilhada ao Rio de Janeiro para passar duas semanas com ela, já que a vinda à região coincidia com as férias escolares da jovem. Depois de relutar um pouco, a mãe concordou com a viagem, fazendo mil recomendações à filha e a comadre.
A púbere ficou embasbacada quando pôs os pés em Copacabana. Toda a gente nua emoldurada naquela paisagem inebriante ofegou a pobre que não fechava os olhos sequer para piscar.
Quando voltou à casa, ela invariavelmente não era mais a mesma. Ouvira muita coisa sobre sexo e Carnaval no Rio e quando se ouve muito sobre sexo e Carnaval a pessoa nunca mais é a mesma. A donzela ainda mantinha o sonho de se casar virgem, mas agora era atiçada pela curiosidade do sexo. Não quer dizer que o interesse não existia antes da viagem, porém agora era no ritmo do samba e da folia.
A menina febril encharcava os lençóis todas as noites. Sua mãe já pensava em levá-la ao doutor, mas ficava envergonhada só em pensar como descreveria a enfermidade. Juju sentia-se atraída por todos os garotos, principalmente por aqueles que andavam sem camisa, mas dissimulava o olhar, para não os fitar, preservando a discrição.
Na localidade onde a impúbere residia andava um adolescente conhecido como Mudinho. Rapaz feio de vinte e poucos anos e que todos achavam que por ser mudo também era louco. Juju começou a observar o rapaz com outros olhos e seus pensamentos já não correspondiam à sua religiosidade: Quem acreditaria em um mudo-louco e ainda por cima muito feio?
Por estas e outras a jovem vivia mais absorta que de costume. Certo dia ofereceu um pedaço de doce de abóbora ao Mudinho que passava por seu portão. Ele de pronto aceitou e pediu um pouco de água gesticulando. Ela o convidou para entrar. Pediu para ele ficar ali na sala aguardando enquanto ia à cozinha. Quando voltou estava despida. Seu corpo moreno preservava os brancos da bermuda e da camiseta. O doido ficou literalmente mudo. Ela se jogou para cima dele que de louco não tinha nada. Mas Juju na última hora fez uma exigência apontando para o ânus: só faria sexo anal para preservar a virgindade da vagina.


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UM POUCO DE TUDO - ELAINE OLIVEIRA


Em Cartaz
Estará em cartaz no Cine Teatro São João em São João da Barra, de 2 a 12 de setembro, o musical "Com todas as palavras..." de Antônio Carlos e Silvano Motta. O ingresso, muito convidativo, custa apenas 5 reais!

Com Diferencial
Foi encenado no Teatro do SESC o espetáculo "Dirigir-se aos homens" com o ator Wilmar Amaral. O diferencial ficou por conta do interessante bate-papo que rolou após a sua encenação...

Mais Presentes
Esta colunista almoçou hoje pelos ares sanjoanenses e observou algo por aquelas bandas. Percebeu que os veranistas estão começando a ir mais para lá durante o ano todo e não apenas no verão.

Boa Idéia
Cláudio Santos, José Lobo e Júlio Lopes foram felizes ao publicarem o livro "Bicicleta - A cara do Rio". O referido trabalho literário teve coquetel de lançamento na tradicionalíssima livraria campista Ao Livro Verde.











Elen Souza e Fernanda Lima, filha do brilhante criminalista Carlos Alberto Redondo, duas das mais belas presenças femininas no recente baile da OAB realizado em Campos.











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HISTÓRIAS QUE EU VI, OUVI E VIVI - NILSON MARIA


SAUDADE DOS ANTIGOS CARNAVAIS


Eu ainda alcancei o período no qual Campos tinha um carnaval maravilhoso com luxo, beleza e participação de todas as camadas sociais. Tenho a sensação de que as praias eram mais distantes, as estradas piores, de tal forma que a classe média ficava na cidade e participava, dando um colorido especial ao carnaval de rua e de clubes. Não havia, ainda, sido instituída a ditadura do Trio Elétrico e tudo era mais espontâneo.
Morador do centro da cidade, recordo-me, com saudade, das cadeiras colocadas nas calçadas para apreciar o Corso, desfiles de carros fantasiados, transportando foliões que cantavam e dançavam. Há poucos anos, quando recebi a incumbência de tentar recuperar o carnaval campista, obtive sucesso ao ver os horários dos desfiles rigorosamente cumpridos, ao contrário do que vinha acontecendo e do que, lamentavelmente, voltou a acontecer no atual governo. Desesperei-me, contudo, pela ignorância de uma procuradora da Prefeitura que vetou o pagamento de prêmio para o melhor carro fantasiado, concurso que instituí para tentar reviver o Corso, simplesmente porque, segundo ela, desconhecia completamente o significado da palavra e o sentido do evento.
Começando ainda no rádio, lembro-me do centro da cidade apinhado de gente nas manhãs de domingo de carnaval para assistir aos bois pintadinhos, blocos de sujos e blocos de embalo, além das bonecas e do famoso jaguar. À noite, a multidão voltava para ver as Batucadas, os Blocos de Escudo, os Ranchos, os Cordões e as Grandes Sociedades. Era indescritível o espetáculo mostrado por Macarrones e Clube Tenentes de Plutão, duas das Grandes Sociedades que desfilavam com alegorias colossais e mulheres lindíssimas.
O passar dos tempos foi mudando o perfil do carnaval e dos carnavalescos. Acabaram-se as Grandes Sociedades, os Ranchos, Blocos de Escudo e Cordões Carnavalescos. Retiraram a autenticidade dos Bois Pintadinhos, alterando-lhes o ritmo tradicional e os transformando em Bois de Samba.
Na mudança do perfil de nosso carnaval, teve grande importância o intelectual Vilmar Rangel. Ele era diretor do Departamento de Turismo da Prefeitura quando decidiu organizar melhor os desfiles de rua que, segundo ele, estavam soltos demais. Foi sua a iniciativa de criar a primeira passarela do samba, “encaixotando” os desfiles na Beira-Rio, entre o Obelisco e a Praça das Quatro Jornadas. Foi também sua a iniciativa de construir pequenas arquibancadas de madeira, visando dar mais conforto ao público bem como instituir o concurso para os Bois Pintadinhos, que, até então, desfilavam de maneira livre, sem competição entre eles.
Aos poucos os Blocos de Escudo e os Ranchos entraram em decadência e se extinguiram. Os Cordões Carnavalescos, manifestação típica da região, que representavam tribos indígenas, sofreram uma constante perseguição da imprensa, comandada pelo radialista Herval Gomes, em função das brigas que protagonizavam anualmente no centro da cidade.
Hoje, para mim, tudo é saudade! Lembro-me das artimanhas de Dagval Brito, conhecido como “a raposa do carnaval”, por seu espírito ardiloso, capaz de mandar os destaques de sua Escola de Samba, após desfilarem, dar a volta por fora da passarela e retornar à pista para dar aos jurados a impressão de um contingente superior ao que verdadeiramente estava trazendo. Ou então, fingindo solidariedade, diretor da União da Esperança, infiltrar-se na concentração da Mocidade Louca e apanhar as bandeiras da escola e do enredo, entregando-as, respectivamente, ao segundo e ao primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. Induzindo.com isso, os jurados a julgar equivocadamente o quesito, o que, inclusive, custou o carnaval à Mocidade. Para quem não sabe, dos casais de mestre-sala e porta-bandeira conta pontos o que leva a bandeira oficial da escola e não a que representa o enredo da agremiação.
Também naquela época, Benedito Caetano, diretor do Cordão Carnavalesco Temor do Norte, anunciou uma grande homenagem ao jornalista Nicolau Louzada, então secretário do governo de Zezé Barbosa. Ficamos todos à espera quando o Cordão começou a entoar a monótona melodia que tinha um refrão incrível:
“No Turismo nós temos o Louzada
Trabalhou o ano inteiro
E até agora não fez nada”.
Os repórteres das emissoras de rádio e jornais rolavam no chão de tanto rir e o Louzada ficou furioso com a “homenagem” perpretada por Benedito.
Ao passar diante da imprensa, os microfones se amontoavam diante de Benedito, que justificou a letra com a sua ingenuidade:
- Prometemos e cumprimos com a nossa homenagem ao grande Nicolau Louzada.
Perguntado sobre a afirmação, na música, de que Nicolau, após tanto tempo no cargo, ainda não fizera nada, justificou para delírio dos colegas:
- Gente, isso é forma de dizer, porque foi a única rima que eu achei pra Louzada...
Naquela época, os clubes promoviam bailes noturnos e matinês com orquestras. Isso não era privilégio dos chamados clubes da alta sociedade, pois também os mais populares realizavam os mesmos eventos com grande sucesso.
Como a população da cidade era muito menor e o carnaval nos clubes e nas ruas recebia muito mais gente, a pergunta é inevitável. O quê aconteceu? Mudou o perfil do campista? Mudou o perfil do carnaval? O quê se vê hoje é um carnaval “encaixotado”, que acontece apenas na avenida, sem brilho, sem organização, frequentemente sem público. Os clubes sociais, da mesma forma, não têm condições de realizar seus bailes por falta de público e em função dos extorsivos valores cobrados pelo ECAD para a realização dos eventos.
Como dizem que “quem vive de passado é museu”, não adianta lamentar, mas, tão somente, adequar-me aos novos tempos e ir para a praia correr atrás do Trio Elétrico. Ou não?


Aposentado, radialista, apresenta o Programa Nilson Maria, de Segunda a Sexta-Feira, entre 15:00 hs e 18:00 hs, na Rádio Absoluta AM – 1.470.


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FRASE DA SEMANA, QUER DIZER DO LUÍS DE CAMÕES:

"Estou em paz com a minha guerra".



Expediente:

A Revista de Campos é uma publicação semanal, atualizada sempre aos domingos. Todas as informações contidas aqui são de responsabilidade dos respectivos autores, não interferindo este veículo em suas opiniões. Ressaltamos ainda que os nossos colaboradores não possuem qualquer vínculo empregatício.

domingo, 22 de agosto de 2010

Número 4 - Domingo, 22 de agosto de 2010.


Ana Botafogo e Marcelo Misailidis serão as grandes presenças do I Congresso Municipal de Dança que será realizado dias 27, 28 e 29 deste mês no Teatro Municipal Trianon

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Ao criar esta Revista de Campos, Marcelo Sampaio desativou o Blog do Sampa que mantinha na Internet desde 2008. No entanto continuará a entregar o Troféu Cultural a uma pessoa de destaque, por ano, na cultura campista.


A jornalista Lívia Nunes alegou problemas de ordem pessoal e ficará um tempo sem publicar sua coluna "Minúcia". No entanto o espaço vai continuar à sua disposição para retornar quando achar melhor.


O artista plástico Diogo d'Auriol mais uma vez não enviou em tempo hábil a nova edição da sua coluna "Espaço Livre". Ele deve estar com dificuldades de cumprir o que combinou conosco.


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NO MAU SENTIDO - MARCELO SAMPAIO


De novo comigo

Há muito tempo não falava com Atanagildo Monteiro de Carvalho. Para ser um pouco mais exato, desde que deixei de publicar a coluna “No Mau Sentido”. Porém, felizmente, ele ficou sabendo do lançamento da Revista de Campos e fez contato comigo.
No telefonema que me deu disse que tem refletido bastante sobre Portugal e Espanha depois da longa temporada passada na Península Ibérica. Entre outras no mínimo curiosas constatações, concluiu que mais vale um meio português do que um espanhol inteiro.
Quase ao fim da nossa conversa, que durou cerca de duas horas, elogiou este novo espaço virtual e falou para que eu não tente parecer mais desconectado do que realmente sou. Finalizou afirmando que continua se orgulhando de ser um especialista em assuntos gerais.
Pare o mouse: A melhor idéia de paraíso é ninguém!

Fracassos & Derrotas
@ Grande parte das histórias que contam a meu respeito eu não vivi. Mas tenho a vantagem de combinar com a maioria delas...
@ As pessoas não deveriam precisar de qualquer aval para o que falam. Até porque falou, está falado.
@ Atenção, atenção, atenção! Descobri que tem gente falando bem de mim pelas minhas costas. Que absurdo, não?

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PEQUENO CADERNO DE ENSAIOS - CARLOS ALBERTO BISOGNO


Guerra dos Botões




A Guerra dos Botões/La Guerre des Boutons
De Yves Robert, França, 1962.
Com Gibus, Jacques Dufilho, Jean Richard, Pierre Trabaut, Michel Galabru
Roteiro Yves Robert e François Boyer
Baseado no livro de Louis Pergaud
Fotografia André Bac
Música José Berghmans
Produção Guéville
P&B, 90 min

As vésperas de começar a montagem de um documentário polêmico que será o dedicado à figura do produtor de vídeos pornográficos Fabrício Mira e sua obra; senti a necessidade de divagar sobre o significado deste filme, mesmo que de fato não o explique e nem pretenda isso (e bem sabem os que me conhecem).
Guerra dos Botões, o documentário, feito a partir de imagens de bastidores (sem a intenção de explorar nudez ou sexo) e depoimentos dos personagens que fizeram a história da polêmica que rasteja por trás dos pudores, tem como inspiração para seu título a referência feita por Fabrício Mira a um filme que o marcara.
Dirigido pelo francês Yves Robert e lançado em 1962, “La Guerre des Boutons” é um dos melhores filmes sobre a infância – e um dos grandes panfletos pacifistas – da história do cinema.
“O que está em jogo na guerra? Botões, cintos, suspensórios, cadarços de tênis.”
Acho fundamental acrescentar que os garotos em guerra têm algo entre 7 e 12 anos; que os pequeninos vilarejos onde se passa a história são separados por mato, área rural, pequenas estradas de terra e que seus habitantes são camponeses bem pouco letrados, não são miseráveis, mas estão no limite e são broncos.
É extraordinariamente bem feito, este “La Guerre des Boutons” (1962) onde o diretor esbanja talento, competência; sua câmara faz babar qualquer um que goste de cinema. Ele usa tudo o que havia sido inventado, tudo que a linguagem do cinema permite. Faz travellings fascinantes dos garotos correndo entre as árvores, perseguindo uns aos outros; joga a câmara no chão para filmar de baixo para cima os rostos dos meninos reunidos em torno do local onde construirão sua cabana, ou seja, em torno da própria câmara; inverte a posição, bota a câmara lá em cimão e faz tomada em plongée; alterna planos gerais com planos americanos com close-ups.
Os pequenos se enfrentam com espadas de madeira e estilingues e haverá então uma escalada, como em geral acontece nas guerras dos adultos; haverá crueldade, prisões, delação, traição, e armas cada vez maiores e mais poderosas.
Tem inocência aí, garoto? Inocência. O que será que pensariam deste filme os garotos e garotas de hoje? Fiquei me perguntando isso durante alguns momentos. É tão distante dos garotos de hoje. Sei lá. Mas é de fato emocionante ver como se conseguiu juntar inocência e a semente das crueldades maiores nesta bela fábula.


http://cinemabisogno.blogspot.com/
http://www.dailymotion.com/CarlosAlbertoBisogno


Notas de rodapé: Boulevard Shopping Campos é o primeiro do segmento feito em Campos dos Goytacazes que contará com salas de cinema digital e 3D. O projeto está programado para inaugurar em abril de 2011.


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UM POUCO DE TUDO - ELAINE OLIVEIRA



Realmente Imperdível
Domingo, dia 29 de agosto, vai acontecer um show em homenagem ao saudoso compositor campista Wilson Batista. O dito cujo será no palco do Teatro de Bolso, às 19 horas, com a cantora Maria Fernanda acompanhada do Grupo Ébano e comentários do jornalista Chico de Aguiar.

Lançamento Regional
Foi sucesso absoluto o coquetel acontecido na Clínica Pelle no último dia 17. Na oportunidade a dermatologista Ana Maria Pellegrini apresentou aos inúmeros convidados o recém-adquirido Velashape plus; consagrado aparelho para redução de medidas, celulite e flacidez!

Bem Versátil
O excelente músico Alan Rocha mostrou todo seu talento no Espaço Cultural Sérgio Porto semana passada. É que lá naquele espaço no Rio de Janeiro rolou o show Capoeira Popular Brasileira com diversas atrações e a direção musical dele, que também assinou os arranjos além de ter tocado cavaquinho...

Para Dançar
Muita gente já confirmou presença no evento que sacudirá o Clube de Regatas Saldanha da Gama sábado próximo, dia 28. Afinal de contas o presidente Mário Arêas Filho vai promover a Festa Sertaneja com o Grupo Melhor de 3, que virá especialmente de Minas Gerais animar a referida noite.





Essas foram as beldades que jogaram pelo time do colunista social Fábio Abud, que teve como técnico Marcelo Sampaio, e se sagraram vice-campeãs do "Modelo É Gol" deste ano disputado no 13 de Maio Soccer Club.





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HISTÓRIAS QUE EU VI, OUVI E VIVI - NILSON MARIA



GAROTINHO

Eu o conheci começando a vida aos 15, 16 anos de idade dando seus primeiros passos no rádio. Desde então, trazia duas características que o acompanham até hoje: a impetuosidade e a coragem.
Naqueles tempos, iniciando-se na narração esportiva, pensava em mudar o mundo e lutava contra as injustiças sociais. Recordo-me bem de um Festival de Música em que fez todo mundo cantar o refrão de sua música Clarissa: “Liberdade é uma menina, que nunca visitou a América Latina...”
Era o período de chumbo, em que praticamente todos os países sul-americanos estavam submetidos a ditaduras militares. O título da música viria, depois, batizar sua filha mais velha.
Daquela época lembro-me de que, muitas vezes, ponderei com ele para deixar de usar o nome “Garotinho” e passar a adotar o seu nome de batismo: Anthony Matheus.
Em minha ignorância dizia:
– Meu filho, Garotinho já tem na Rádio Globo. Com esse nome você não vai chegar a lugar nenhum! Você tem nome de artista: An-tho-ny Ma-theus!
O destino provou que ele era um gênio, e eu um analfabeto político, pois insistiu no apelido e venceu com ele.
Os proprietários das emissoras de rádio daquela época usavam o artifício de contratá-lo para conseguir arrancar mais dinheiro da Prefeitura. Com sua língua ferina, Garotinho demolia os adversários e eles procuravam as emissoras com ofertas generosas para que o demitissem.
Foi então que, no carro da emissora, ao sair da cidade em direção ao Rio de Janeiro para irradiar um jogo de futebol, Garotinho, num exercício de futurologia vaticinou para o falecido repórter Dalwan Lima, que iria comentar a partida:
- Presta atenção, Dalwan! Eu ainda vou ser prefeito desta cidade.
Dalwan olhou para aquele menino de 17 anos e desdenhou:
- Vê se te enxerga, menino! Quem manda nesta cidade é Zezé Barbosa e Alair Ferreira!
O tempo provou que Dalwan, assim como eu, era também um analfabeto político.
Conta-se, eu não ouvi, apenas soube, que, quando se iniciava no rádio esportivo, Garotinho teria encerrado a transmissão de uma partida iniciada às 15 horas e, em alto estilo, passou a palavra para o narrador titular que iria irradiar o jogo que se iniciaria às 17 horas:
– E vem aí, na sequência do futebol-show da Difusora a A-PO-TE-O-SE do futebol do Brasil...
Na técnica o operador de áudio colocou a vinheta do outro narrador, conhecido por seu mau humor e o chefe entrou falando irritado:
- Apoteose é a senhora sua mãe! Mais respeito, Garoto, futebol é coisa séria...
O cidadão entendeu errado e teria interpretado mal a apresentação criativa de Garotinho.
Do período das vacas magras, Garotinho guarda uma amizade até hoje reconhecida. Trata-se de José Carlos, o popular Ferrugem. Repórter do Show do Garotinho, Ferrugem demonstrava uma fidelidade canina: quando Garotinho estava empregado, ele também trabalhava; quando Garotinho era demitido, Ferrugem saía junto.
Por isso mesmo, foi natural a empolgação quando Garotinho, eleito prefeito de Campos, retomou o seu programa na Emissora Continental.
Num determinado dia, o repórter Ferrugem estava no bairro do IPS fazendo a entrega de uma cadeira de rodas. Vibrando, Ferrugem acabou extrapolando:
- É isso aí, prefeito Garotinho, essa família emocionada agradece primeiro a Deus e depois a você, prefeito Garotinho, por essa cadeira de rodas! Você acabou com os coronéis da política de Campos, que agora só tem um verdadeiro Coronel... que é você, prefeito Garotinho!
No estúdio, Garotinho gritava e gesticulava para o operador, espumando ódio:
- Corta, corta!

Aposentado, radialista, apresenta o Programa Nilson Maria, de Segunda a Sexta-Feira, entre 15:00 hs e 18:00 hs, na Rádio Absoluta AM – 1.470.

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FRASE DA SEMANA, QUER DIZER DO WILLIAM KENNEDY:

"Minha memória é meu mundo".





Expediente:

A Revista de Campos é uma publicação semanal, atualizada sempre aos domingos. Todas as informações contidas aqui são de responsabilidade dos respectivos autores, não interferindo este veículo em suas opiniões. Ressaltamos ainda que os nossos colaboradores não possuem qualquer vínculo empregatício.

domingo, 15 de agosto de 2010

Número 3 - Domingo, 15 de agosto de 2010.


Angélica Menezes, atual Miss Campos, foi eleita Musa Brasil 2010 em Salvador na Bahia. A bela agora vai concorrer ao título de Musa Universo ainda este ano em Las Vegas nos Estados Unidos


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Ao criar esta Revista de Campos, Marcelo Sampaio desativou o Blog do Sampa que mantinha na Internet desde 2008. No entanto continuará a entregar o Troféu Cultural a uma pessoa de destaque, por ano, na cultura campista.



A jornalista Lívia Nunes deve ter tido algum contratempo e não conseguiu enviar a sua nova coluna, que certamente deverá ser publicada em nossa próxima edição.


O sexteto desta publicação brevemente se tornará um octeto. É que o jornalista Newtinho Guimarães e o poeta Nino Bellieny manifestaram desejos de assinarem colunas aqui. Como são companheiros das antigas, e para nós antiguidade é posto, já estão preparando suas estréias. Aguardem-os porque temos certeza absoluta que virão coisas muito boas por aí...



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NO MAU SENTIDO - MARCELO SAMPAIO


Tempos bem estéreis

Está cada vez mais difícil encontrar pessoas que enxerguem a vida e o mundo através de uma ótica realmente libertária. Eu então, cujos gostos pessoais são muito mais newtonianos do que quânticos, desconfio que tenho cerca de 300 anos.
Minha visão jurídica, por exemplo, aproxima-se dos substanciais e não dos dogmáticos. Sendo assim numa perspectiva humanista a lei tem que ser flexível com os menos favorecidos, firme com os remediados e implacável com os poderosos.
Na verdade todos precisam se livrar do pensamento logocêntrico ocidental de conhecimento para valorizar mais o sentimento e ampliar as relações de funcionalidade. É fundamental, até mesmo imprescindível, o diálogo entre cognitivo e social.
Pare o mouse: No paradoxo reside a inteligência!

Fracassos & Derrotas
@ Poucas coisas dão tanto prazer para mim do que fazer um auto-retrato alheio...
@ Atualmente a reisificação e a serialização transformam tudo em objeto. Não existe mais o sujeito com as suas loucuras.
@ Lembrem-se sempre que tudo o que é bom acaba, faz mal ou é pecado!

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PEQUENO CADERNO DE ENSAIOS - CARLOS ALBERTO BISOGNO


Back to the Future - Parte III


Para compreender os motivos que levarão a esta demora da transição do atual modo de fazer cinema para a forma 3D desenvolvida, é preciso fazer uma breve recapitulação histórica e análise técnica sobre a composição de imagens:


Ponto de Vista
A composição nada mais é do que a arte de dispor os elementos, do assunto a ser fotografado, da forma que melhor atenda nossos objetivos.


Com o surgimento da tecnologia 3D as preocupações e possibilidades artísticas se ampliam com a quantidade de planos dispostos que se projetam para dentro e para fora da tela. Há a necessidade de um planejamento árduo, por parte de todo a equipe de criação, da disposição desses planos e dos objetos que os compõe.


A capacidade para selecionar e dispor os elementos de uma fotografia depende em grande parte do ponto de vista. Na verdade, o lugar onde se decide posicionar a câmera para registrar uma cena constitui uma de suas decisões mais críticas. Muitas vezes uma alteração, mesmo mínima, do ponto de vista, pode alterar de forma drástica o equilíbrio e a estrutura da foto.


Por isso torna-se indispensável andar de um lado para o outro, aproximar-se e afastar-se da cena, colocar-se em um ponto superior ou inferior a ela, a fim de observar o efeito produzido na fotografia por todas essas variações.


Razão de Aspecto das Telas
No início, quando o Cinema surgiu, a razão de aspecto das telas e, conseqüentemente, da captação das imagens era 4:3 (ou 1.33:1), ou seja: um quase quadrado. Com isso, os cineastas do período eram obrigados a conceber composições que freqüentemente soavam amontoadas, sem espaço para respiro - especialmente quando três ou mais atores se encontravam em campo, o que obrigava os diretores a distribuírem os elementos em cena através de vários planos, de pontos mais próximos da câmera até outros mais afastados desta. Da mesma forma, quando se tornava necessário enfocar amplos espaços abertos, a solução muitas vezes residia em incluir mais teto do que laterais, como fica óbvio num plano de “... E o Vento Levou” em que a câmera se afasta de Vivien Leigh depois que esta faz sua promessa de jamais passar fome novamente - quando, então, o céu domina o quadro, mantendo Leigh em contraluz. (Se fosse realizado alguns anos depois, o filme provavelmente expandiria o quadro para os lados, enfocando mais a terra seca do que as nuvens.).


Com a abertura do quadro para razões maiores, de 1.65:1 a 2.35:1, os cineastas finalmente puderam permitir que suas composições respirassem mais, brincando com a gradação dos elementos em cena e distribuindo-as de maneira mais elegante e visualmente sofisticada. Além disso, jogos estéticos feitos através da profundidade de campo (e que já eram presentes no 1.33:1) permitiam conduzir o olhar do espectador, focando detalhes específicos ou mesmo enganando propositalmente o público, como no inesquecível plano de Cidadão Kane em que temos nossa perspectiva enganada através da grande profundidade de campo e julgamos, erroneamente, que as janelas da sala se encontram bem mais próximas do que estão na realidade - e é somente o deslocamento de Kane pelo ambiente que nos leva a perceber a dimensão da sala.


Perspectiva
As imagens agora são tridimensionais: possuem largura, comprimento e profundidade, e para se lidar com o efeito de profundidade é preciso grande cuidado para se lidar com um elemento primordial na fotografia tradicional: a perspectiva.


Nas pinturas e fotografias 2D, sem dúvida a perspectiva não passa de uma ilusão de ótica. Quando seguramos um livro, mantendo o braço esticado, este objeto dará a impressão de ser tão grande quanto uma casa situada a uma centena de passos. Quanto mais se reduz a distância entre o livro e a casa, mais os objetos se aproximam de suas verdadeiras dimensões. Só quando o livro se encontra em um plano idêntico ao da casa, é que o tamanho aparente de cada um deles eqüivale com exatidão ao real.


Através da perspectiva, linhas retas e paralelas dão a impressão de convergir, objetos que encobrem parcialmente a outros dão a sensação de profundidade, e através do distanciamento dos objetos temos a sensação de parecerem menores.


Podemos utilizar a perspectiva para criar impressões subjetivas, e o caso de efeitos de: "plongée" fotografar com a câmera num ângulo superior ao assunto, diminuindo-o com relação ao espectador; e "Contra-plongée" a câmera num ângulo inferior ao assunto criando uma sensação de poder, força e grandeza. Cada um destes recursos deverá ser utilizado de acordo com o contexto e o objetivo do fotógrafo.


Foco & Profundidade de Campo
Ora, como isto poderia ser feito num filme 3D? A profundidade do campo, que no 2D deve ser recriada/sugerida através da perspectiva, já é uma informação fornecida automaticamente ao espectador - e, portanto, jogos cênicos como o de Cidadão Kane se tornariam impossíveis. Por outro lado, a exploração desta nova dimensão é algo que certamente renderia uma série de vantagens para os cineastas contemporâneos, que finalmente poderiam compor seus quadros levando em consideração mais um importante aspecto na distribuição de seus elementos cênicos que ampliaria de forma quase imprevisível suas possibilidades narrativas.


Apesar de com da nova tecnologia 3D ainda não ser possível por parte do espectador escolher os pontos que deseja focar - dentro desses limites técnicos - temos possibilidades de controlar não só a localização do foco, como também a quantidade de elementos que ficarão nítidos. Através destes controles, podemos destacar esta ou aquela área dentro de um assunto. E o foco que vai ressaltar um objeto em detrimento dos outros constantes da foto.


Planos
Os Planos determinam o distanciamento da câmera em relação ao objeto fotografado, levando-se em conta a organização dos elementos dentro do enquadramento realizado. Os planos tradicionalmente dividem-se em três grupos principais (seguindo-se a nomenclatura cinematográfica) Plano Geral, Plano Médio, Primeiro Plano. Uma mesma fotografia pode conter vários planos, sendo classificada por aquele que é responsável por suas características principais.


Entretanto com um sistema de composição 3D os planos terão de ser definidos, escalados e sobrepostos levando-se em consideração uma propriedade até então inexistente: alem de se agruparem na profundidade da tela, estes tem a possibilidade de se projetarem para fora dela em direção ao expectador criando toda uma nova gama de classificação que poderíamos chamar de positiva quando se projeta para fora, e negativa quando para dentro da tela.


Linhas, Forma & Desenhos
O desenho pode transformar-se em um tema, e introduzir ordem e ritmo em uma imagem tridimensional que, sem ele, talvez parecesse caótica. Nos casos onde o seu efeito é muito grande, ele pode dominar a imagem, a ponto de os outros componentes perderem quase por completo sua importância.


Linhas e formas podem ser usadas para criar imagens abstratas, subjetivas, ou para desviar a atenção do assunto principal.


Luz & Forma
A maioria dos objetos de uso diário pode ser identificada apenas pelo seu contorno. A silhueta de um vaso, colocado contra a janela, será reconhecida de imediato, porque todos nós já vimos muitos vasos antes. Contudo, o espectador pode apenas tentar adivinhar se ele é liso ou desenhado, ficando com a incerteza até que consiga divisar com clareza sua forma espacial. E esta depende da luz.


Considerando que o cinema 3D dá à luz a propriedade de ter volume, como observamos plenamente em Avatar (2009) quando a luz do sol se projeta entre folhas das árvores na floresta e nos toca magicamente, essa nova luz é capaz de criar sombras e altas-luzes como nunca foi feito, e com isso, revelar a forma espacial, o tom, a textura e o desenho dos objetos.


A imagem é afetada pela qualidade, volume e direção da luz. Qualidade é o termo que aplicaremos para definir a natureza da fonte emissora de luz. Ela pode ser suave, produzindo sombras tênues, com bordas pouco marcadas (por exemplo, a luz natural em um dia nublado); ou dura, produzindo sombras densas, com bordas bem definidas (luz do meio-dia).


Assim podemos dizer também que a altura e direção da luz têm influência decisiva no resultado final da imagem 3D. Dependendo da posição da luz da fonte luminosa, o assunto fotografado apresentará iluminada ou sombreada esta ou aquela face. A seleção cuidadosa da direção da luz nos permite destacar objetos importantes e esconder entre as sombras aqueles que não nos interessa no agrupamento e gradação de planos tridimensionais.


• Luz lateral: é a luz que incide lateralmente sobre o objeto ou o assunto fotografado, e se caracteriza por destacar a textura e a profundidade, ao mesmo tempo que determina uma perda de detalhes ao aumentar consideravelmente a longitude das sombras criando muitas vezes imagens confusas.


• Luz direta ou frontal: quando uma cena está iluminada frontalmente, a luz vem por trás do fotógrafo, as sombras se escondem sob o assunto fotografado. Este tipo de luz reproduz a maior quantidade de detalhes, anulando a textura e achatando o volume da foto.


• Contra-luz: é a luz que vem por trás do assunto convertendo-o em silhueta, perdendo por completo a textura e praticamente todos os detalhes.


Tom
Denomina-se Tom a transição das altas-luzes (áreas claras) para a sombra (áreas escuras). Em uma imagem onde se vê apenas a silhueta de um objeto, recortada contra um fundo branco, não existindo, portanto tons de cinza. Esta será uma fotografia em alto-contraste. Uma fotografia que tem apenas alguns tons de cinza predominando o preto e o branco será considerada uma fotografia dura (bem contrastada). Já uma imagem onde predominem os tons de cinza poderá ser considerada uma fotografia suave (pouco contrastada). Existe uma "escala de cinzas" medida em progressão logarítmica, que vai do branco ao preto. Esta escala é de grande utilidade, podendo-se através dela interferir no resultado final da fotografia.


Ainda não podemos avaliar como a linguagem 3D poderá lidar com isso, pois até então, propositalmente, os filmes 3D tem evitado a aparição de áreas profundamente escuras ou fotografias duras que cortam, mesmo num ambiente 3D, a perspectiva de profundidade.


Textura
A textura e a forma espacial estão intimamente relacionadas, entendendo-se como textura a forma espacial de uma superfície. É através da textura que muitas vezes podemos reconhecer o material com o qual foi feito um objeto que aparece em nossa fotografia.


Uma fonte luminosa mais dura, forte e lateral, irá privilegiar mais a textura; enquanto uma luz mais difusa, indireta, suave, poderá fazer desaparecer uma textura ou diminuir sua intensidade.


A textura pode ser considerada um fator de importância em uma imagem estereoscópica, em virtude de criar uma sensação de tato, em termos visuais, conferindo uma qualidade palpável à forma que era plana. Ela não só nos permite determinar a aparência de um objeto, como nos dá uma idéia da sensação que teríamos em contato com ele.


Edição
Ao unir duas cenas utilizando corte seco (corte simples, sem utilizar efeitos de transições), é parte da técnica do cinema tradicional atentar sempre para a continuidade do movimento. No cinema 3D o corte seco pode ser extremamente prejudicial a sensação de imersão do espectador se por exemplo logo a sua frente existe um objeto e este desaparece subitamente. A solução para isso talvez seja o corte em gradação dos sucessivos planos empilhados de dentro para fora da cena fazendo com que o público se acostume com o movimento de transição de um take para o outro. Pode-se também utilizar o movimento dos objetos como fontes de corte: uma piscadela em plano detalhe ou um objeto que passa transversalmente na cena tomando-a.


Movimento
Sempre que um objeto se move em frente à câmera, sua imagem projetada sobre o filme também se move. Se o movimento do objeto é rápido e a câmera fica aberta, por um tempo relativamente longo, essa imagem ou movimento será registrada como um borrão, um tremor, ou uma forma confusa. Se o tempo de exposição for reduzido, o borrão também será reduzido ou até eliminado. Percebemos ser fundamental a necessidade no cinema digital 3D de um tempo de exposição à luz curto (velocidade alta), e conseqüentemente mais quadros por segundo, para gravação de uma maior quantidade de informações sem deformá-la, deixando o movimento de um objeto mais fluido, mostrando sua posição num dado momento sem borrões inevitáveis numa velocidade normal já que o objeto agora se move em mais uma dimensão de seu espaço.

"A composição deve ser uma de nossas preocupações constantes, até nos encontrarmos prestes a tirar uma fotografia; e então, devemos ceder lugar à sensibilidade"
Henri Cartier-Bresson

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Notas de rodapé: Boulevard Shopping Campos é o primeiro do segmento feito em Campos dos Goytacazes que contará com salas de cinema digital e 3D. O projeto está programado para inaugurar em abril de 2011.


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ESPAÇO LIVRE - DIOGO D'AURIOL


Desde sempre existe uma corrente a favor do aprendizado da língua inglesa. Não tenho nada contra àqueles que pretendem aprender ou falam e escrevem a língua ianque. A primeira expressão que me vem à mente em inglês é “fuck you”. Os estadunidenses não poderiam difundir de forma mais abrangente o idioma nativo senão com esta belíssima expressão e ninguém melhor que o ex-presidente George W. Bush para reforçar o mantra. Nadando contra a maré capitalista fico muito orgulhoso de mim ao afirmar que nunca tive e nem tenho interesse em falar o inglês. Muito mais me interessa o espanhol com sua sonoridade poética. Ao assistir o dvd Buena Vista Social Club confirmei o meu amor à língua falada em Cuba.
O castelhano e o espanhol são irmãos siameses. A razão porque alguns países optam por chamar o idioma de castelhano e outros de espanhol é apenas política: Você dificilmente vai ouvir um argentino dizendo que fala espanhol, já que o nome remete ao período colonial. Por esse motivo, o termo castelhano é mais usado na América do Sul. Já o espanhol é comum no Caribe, no México e nas áreas de fronteira com o inglês. Na Espanha, o uso dos termos depende da região: No norte, as pessoas se referem à língua como castelhano. Na Andaluzia e nas ilhas Canárias, o idioma é chamado de espanhol.
Atento a detalhes baldios reparei que fuck e funk são palavras com grafias parecidas. Súbito atinei para a origem do tal estilo musical tupiniquim. E funk para os seus ouvidos!




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UM POUCO DE TUDO - ELAINE OLIVEIRA



Muito Interessantes
Andam sendo muito interessantes as participações da psicóloga Michelle Ribeiro, às segundas-feiras, no "Mesa Redonda" da TV Litoral. O referido programa é apresentado pelos espirituosos Victor Montalvão e Granger Ferreira de segunda a sexta-feira, das 17 às 18 horas.

Comissão Carnavalesca
Rendeu frutos a segunda reunião sobre o Carnaval 2011 organizada pelo Orávio de Campos Soares, secretário municipal de Cultura. Nela, realizada no Teatro de Bolso, foi formada uma comissão com 10 pessoas que está encarregada de planejar tudo referente aos próximos desfiles campistas...

Na Baixada
A turma de formandos 3001 do Colégio Estadual Almirante Barroso promoveu, na Pista do Laço em Tócos, o desfile-eleição da Garota e do Garoto CEAB Outono-Inverno 2010. Venceram a acirrada disputa Maira Monteiro e Raian Ferreira, alunos do 2° ano do Ensino Médio.

Estilo Fanzine
Paulo Ourives, carioca de nascimento e campista de coração, acaba de lançar o livro "Satirizando a política". Nele, o jornalista escreve com humor a respeito do assunto em nível nacional. Tomara que lance logo um sobre as mazelas de Campos e da nossa região!





O poeta Aluysinho Abreu Barbosa recebendo o prêmio de Destaque Cultural deste ano em Campos das mãos do ator Yve Carvalho, que recebeu a citada premiação na edição passada.






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HISTÓRIAS QUE EU VI, OUVI E VIVI - NILSON MARIA



TALVANE COUTINHO

Foi um dos nomes mais expressivos do rádio campista, de quem me lembro sempre com ternura e saudade. Tinha como marca registrada um sorriso que não lhe saía do rosto. Durante todo o tempo em que trabalhamos juntos não me recordo de tê-lo visto mal-humorado ou se queixando da vida. Sabia lidar com suas dificuldades sem deixar que elas atrapalhassem a sua fleugma e elegância.
Certamente por isso, Talvane era querido e idolatrado por seus ouvintes. Renomado marcador de quadrilhas juninas, tarimbado jogador de “buraco”, fantástico contador de histórias, onde quer que estivesse era sempre o centro das atenções.
Mas, não obstante o astral positivo, Talvane Coutinho foi uma pessoa extremamente “desligada”. Tão fora de órbita que, certa feita, um colega redigiu a sua própria nota de falecimento, entrou correndo no estúdio, na hora de seu programa atirou o papel na mesa dizendo:
- Talvane, leia agora!
Talvane não se fez de rogado. Apanhou a nota e mandou pro ar, de primeira:
- “Nota de Falecimento! Faleceu hoje o senhor Talvane Coutinho da Silva, morador à Rua tal e pa-ta-ti, pa-ta-tá...”
Leu a nota na íntegra e fechou, repetindo:
- “Noticiamos com pesar o falecimento do senhor Talvane Coutinho!”
Apenas aí percebeu que havia caído numa brincadeira e arrematou, ainda no ar:
- “Calma aí... Talvane sou eu, mas que sacanagem!”
Enquanto isso, na técnica, os colegas estavam às gargalhadas.
Em outra ocasião, determinado radialista sofreu um acidente em Guarus, em plena madrugada, acompanhado de uma jovem que não era exatamente a sua esposa.
Ambos foram socorridos, levados para o hospital. Numa atitude corporativa, própria da categoria à época, emissoras de rádio e jornais (não havia emissoras de televisão), registraram o acidente, mas omitiram o fato de que o infeliz colega estava acompanhado. O objetivo era preservar o casamento do dito cujo, que havia contado para a esposa que iria para uma reportagem na madrugada.
O casamento estava preservado. Nada foi divulgado sobre a moça. No dia seguinte a esposa, em sua casa, após chegar do hospital onde fora visitar o marido ligou o rádio e quase desmaiou.
Ingenuamente, Talvane fazia um elogio público das qualidades do colega acidentado e acabou arrematando:
- “Desejo uma pronta recuperação para o querido colega fulano de tal, bem como para a jovem que o acompanhava nesta fatídica madrugada...”
Ao ouvir o comentário a madame partiu de retorno para o hospital, onde quebrou o maior pau com o infeliz marido.
Puro de coração, amigo e prestativo guardo as melhores recordações do convívio com o meu professor e amigo Talvane Coutinho. Os seus milhares de ouvintes, certamente, continuam órfãos de sua competência e charme.

Aposentado, radialista, apresenta o Programa Nilson Maria, de Segunda a Sexta-Feira, entre 15:00 hs e 18:00 hs, na Rádio Absoluta AM – 1.470.

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FRASE DA SEMANA, QUER DIZER DO PAULO CÉSAR PERÉIO:

"Talento sem vocação não serve para nada".





Expediente:

A Revista de Campos é uma publicação semanal, atualizada sempre aos domingos. Todas as informações contidas aqui são de responsabilidade dos respectivos autores, não interferindo este veículo em suas opiniões. Ressaltamos ainda que os nossos colaboradores não possuem qualquer vínculo empregatício.

domingo, 8 de agosto de 2010

Número 2 - Domingo, 8 de agosto de 2010.


A partir de amanhã estarão abertas duas exposições de artes plásticas no foyer do Teatro Municipal Trianon. Uma de marchetaria e outra de telas em miniatura



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Ao criar esta Revista de Campos, Marcelo Sampaio desativou o Blog do Sampa que mantinha na Internet desde 2008. No entanto continuará a entregar o Troféu Cultural a uma pessoa de destaque, por ano, na cultura campista.


O artista plástico Diogo d'Auriol deve ter tido algum contratempo e não conseguiu enviar a sua nova coluna, que certamente deverá ser publicada em nossa próxima edição.


Estamos muito felizes com a repercussão que anda tendo a Revista de Campos. Com poucos dias de lançada já possui 12 seguidores e recebeu 5 comentários. Isso sem falar nas mensagens de incentivo que nos foram enviadas e na divulgação que temos recebido de Orávio de Campos Soares, Iara Lima, Vitor Menezes (urgente.blogspot.com), Newtinho Guimarães, Ana Maria Pellegrini, Álvaro Marcos (www.nf10.com.br), Pericles Emmanuel, Gladys Gama França, Branca (florenceapagaaluz.blogspot.com), Grasiela Pinto, Cláudio Galvão e Roberto Moares (robertomoraes.blogspot.com).

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NO MAU SENTIDO - MARCELO SAMPAIO


Um triste legado

Nas pesquisas para minha tese de Doutorado intitulada “De Tia Ciata ao Novo Milênio: A Construção da identidade cultural do Rio de Janeiro”, que pretendo defender até 2012, tenho me interessado por alguns assuntos não relacionados diretamente ao tema em questão.
Um deles diz respeito ao Pereira Passos, que quando prefeito da cidade do Rio de Janeiro em 1906 destruiu sem dó nem piedade grande parte da arquitetura colonial do Centro carioca para possibilitar o alargamento de ruas como a Assembléia, Uruguaiana, Passos, entre outras...
Com esta sua atitude totalmente desprovida de qualquer consciência histórica sucumbiram centenas de construções. Sendo assim caíram por terra casas com suas paredes de argamassa em óleo de baleia e igrejas barrocas com seus telhados em diversos níveis. Para piorar, o dito cujo ainda é reverenciado até os dias de hoje!
Pare o mouse: Parto natural é cesariana!

Fracassos & Derrotas
@ Dependendo da situação a definição de uma pessoa muda. Quando está errada é teimosa, já quando está certa é fiel aos princípios...
@ Toda separação é uma tentativa desesperada de transformar uma vida chata em duas vidas muito mais divertidas.
@ Certo empresário campista bem-sucedido elogiou numa entrevista determinada churrascaria recém-inaugurada por não ter só carne, mas salmão também. Por acaso peixe é vegetal ou mineral?


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PEQUENO CADERNO DE ENSAIOS - CARLOS ALBERTO BISOGNO



Back to the Future - Parte II


De uns tempos para cá se percebe que trailers e filmes tradicionais estão primando pela criação de uma atmosfera intensa e chocante, com objetos voando em direção à platéia, som intenso, cortes abruptos, por vezes incrivelmente ágeis, gerando sustos ou surpreendendo a quem assiste. Apesar de como já é tratada, essas fórmulas não parecem identificar características vanguardistas, porque ao longo do tempo se notou que determinados modos de manusear a linguagem cinematográfica criavam emoções intensas o suficiente para o espectador se sentir "na pele" do próprio protagonista em eventuais situações. Essa linguagem especifica ainda não está completamente desvendada, mas o que se deduz facilmente olhando as obras recentes é que a interação emocional está ligada ao uso do que convencionalmente se chama de sexta parede, ou seja, a distância entre a cena e o espectador.


O gênio Alfred Hitchcock, ainda na década de 50, decifrou muito bem essas características, o que ligeiramente o destacou sobre os outros realizadores da época. "Disque M para Matar" causou impacto na platéia quando Ray Milland usa uma tesoura para atacar Grace Kelly. O objeto voa em direção da platéia, perturbando completamente a imersão e causando a imediata e inesperada sensação de presença do espectador dentro da cena, e isso, mesmo numa projeção tradicional 2D.


Na verdade, é justamente nessa conexão principal entre filme e espectador que o 3D possui sua melhor característica. Quem já experimentou o 3D sabe que todos os elementos em primeiro plano, ou seja, os elementos mais próximos da tela, possuem um destaque muito maior aos que estão distribuídos em outros planos visuais, mesmo a frente desta, pois é onde o efeito de tridimensionalidade se torna mais visível. Um dos melhores filmes de terror lançados em 2008, o espanhol "REC" (2008), que arrancou pulos e sustos da platéia, teria a intensidade emocional ampliada caso conhecesse as possibilidades do recurso 3D, já que muitas das surpresas incluíam a interação com a sexta parede.


Dessa forma notamos que o cinema 3D e o cinema tradicional são formas muito diferentes, mas possuem pontos de interação. O cinema 3D está para o cinema tradicional, assim como o cinema sonoro está para o cinema mudo. Mas, atenção! Isso não significa que um é melhor que o outro, mas sim que, mesmo derivados de uma linha geral que visa o realismo sensorial, cada meio possui sua própria especificidade. O cinema tradicional se empenha em criar imersão de forma mais introspectiva e intelectual e o cinema 3D de forma mais intuitiva e participativa, isto é, com maior exteriorização de formas emocionais, ainda que essas características não sejam totalmente estanques e possam ser, de acordo com cada proposta artística, melhor ou pior aproveitadas.


Como já dito anteriormente, ainda seremos obrigados a aguardar alguns anos até que a linguagem 3D comece a ser suficientemente desenvolvida neste aspecto. Por quê? Enumero alguns fatores:


1) A imaturidade: por enquanto, a maior parte dos cineastas encara o 3D como um brinquedo novo. E, como crianças empolgadas, sentirão a necessidade de exibir este brinquedo para todos através de trucagens que em nada acrescentam à narrativa, servindo apenas como distrações - se encaixando, aqui, todos os exemplos de planos em que algo parece pular na direção do público, o que, por romper a quarta parede e expor a artificialidade do Cinema, enfraquece a narrativa.


2) O costume: ao longo dos últimos cento e tantos anos, os cineastas se habituaram a pensar em apenas duas dimensões ao conceberem seus planos. Serão necessários alguns anos até que consigam se acostumar com a dimensão extra e percebam que agora não precisam mais usar a perspectiva artificialmente, mas que podem literalmente explorar a profundidade do quadro.


3) O dinheiro: como toda grande mudança técnica na História do Cinema, o 3D não surgiu de um impulso artístico, mas como conseqüência de preocupações estritamente financeiras. Foi assim com o Som, com a Cor e com o abandono do 1.33:1. Assim, o 3D é mais uma resposta direta às ameaças da pirataria do que qualquer outra coisa. Porém, o número de telas 3D ainda é relativamente pequeno e, portanto, nenhum filme se pagaria caso buscasse explorar apenas os cinemas aptos à exibição em três dimensões. Conseqüentemente, os cineastas ainda não têm liberdade para pensar estritamente em 3D, já que devem se preocupar também com as telas em que seus filmes serão exibidos em 2D - o que, obviamente, é um imenso obstáculo ao desenvolvimento da linguagem. Além disso, há a questão do home video, que representa uma fatia determinante na renda das produções e que ainda não conta com uma solução de exibição em três dimensões.


Porém, considerando os esforços de Jeffrey Katzenberg, chefão da DreamWorks, e do próprio James Cameron no sentido de popularizar o formato (incluindo o desenvolvimento de um 3D que não exija o uso de óculos especiais), é apenas uma questão de tempo até que nos aproximemos do momento em que os cineastas finalmente se verão completamente livres para que possam explorar e desenvolver a linguagem - e esta é uma pequena revolução que estou ansiosíssimo para testemunhar e fazer parte.


Continua...


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MINÚCIA - LÍVIA NUNES



Menino do ônibus

Debaixo do sol da primeira hora da tarde, entrei no ônibus. Um menino de pele clara e roupas muito sujas me acompanhou e entrou no mesmo ônibus pela porta da frente, sem pagar. Ainda no ponto de ônibus havia reparado em suas unhas das mãos e pés porque estavam muito sujas como as de um mecânico, que as suja de graxa durante o trabalho. Sua camiseta branca tinha manchas de sujeira.
Paguei a passagem, sentei em um dos bancos ao lado de uma senhora mal encarada e esqueci o menino até que ouvi uma voz fraquinha e meio rouca, quase um sopro de barulho iniciando um pobre discurso.
— Com licença. Boa tarde senhoras e senhores passageiros. Eu vim aqui hoje para conseguir o leite da minha irmãzinha.
É fato que essa história de irmãzinha é típica. Da última vez que acreditei em um menino que queria um salgado para levar para irmãzinha, ele disse que a suposta irmã tinha dois meses de idade. A inocência era tanta que não sabia que bebês recém nascidos não tem dentes para comer salgados. O menino se negou a comer na minha frente e vi quando ele se encontrou depois com um homem mais velho para quem provavelmente deu o salgado.
Estava, então, decidida a não ajudar o menino do ônibus com esmola, mas o menino não tinha o talento habitual dos pedintes, dos homens que falam alto e impõem a sua presença ao pedir. A voz dele quase não se ouvia. Ele falava e ao perceber que ninguém o dava atenção, tentava ser mais persuasivo com voz de desespero. “Por favor, gente, eu preciso.” Senti pena do menino. Pensei nos pais que obrigam as crianças a pedir dinheiro e batem nelas, quando não conseguem.
O menino começou então a percorrer o corredor do ônibus à espera das esmolas. Para minha surpresa, não foram poucos os que lhe ajudaram. Quando chegou ao final do ônibus, tinha as mãos cheias de moedas. Foi até o motorista se equilibrando porque não podia se segurar com as mãos ocupadas e pediu para que parasse. Quando deu o passo em direção à escada, foi que aconteceu — as moedas, que carregava com tanto cuidado, se estatelaram no chão. Tamanho foi o desconserto do garoto. Abaixou a catar as moedas correndo enquanto todos o olhavam discretamente apreensivos. O motorista esperava pacientemente. Quando o menino terminou o árduo trabalho, se levantou e, no impulso de seu movimento, as moedas voltaram a cair. Os passageiros, que em geral, se mantinham em silêncio e fingiam que não percebiam o que acontecia, expressaram um som de decepção e cansaço pelo trabalho do menino. Um senhor, vendo que o garoto não conseguia catar as moedas, se levantou e o ajudou.
Enfim, o menino conseguiu descer do ônibus com suas moedas. Rubro, acho que só não desatou a chorar dentro do ônibus por vergonha de ressaltar que era uma criança. Em silêncio, sofri por ele. Voltei a vê-lo na rua tempos depois e ele estava chorando.
Ainda vi o menino muitas outras vezes. Primeiro, na televisão, depois, na internet e nos jornais. Tinha apenas dez anos. Ele — o menino seqüestrado em Alagoas — foi encontrado nas ruas de Campos pedindo esmolas. Sua família veio às pressas ao seu encontro. Não seria mais aquele meu menino do ônibus.


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UM POUCO DE TUDO - ELAINE OLIVEIRA


Capricho Puro
Mesmo faltando mais de um mês, o estilista Nelcimar Pires está se dedicando quase que integralmente ao seu desfile deste ano em prol da COESA. No dia 30 de setembro ele vai lançar também a 11ª edição da sua Revista Noivas, a qual como sempre terá um visual caprichadíssimo!

Bela Iniciativa
Foi muito interessante o evento que Delsinho Gomes organizou no Parthenon mês passado. Na referida noite aconteceram desfile de modas, apresentação de dança, performance de pintura corporal, concurso de beleza e show com Dom Américo acompanhado da sua banda.

Grande Inovação
O Teatro Municipal Trianon ficou literalmente lotado quando por lá se apresentou o espetáculo “Isto é Brasil”, com Carlinhos de Jesus e Ana Botafogo. Merecem registros as qualidades da iluminação, do repertório e das coreografias; que não deixam ser percebida a ausência de cenário dele...

No Ar
Já está na grande rede, que é a Internet, o primeiro ensaio fotográfico do carnavarazzo.blogspot.com. Produzido por esta colunista contém 12 belas fotos da Daniela dos Santos Gomes, ex-Rainha do Carnaval de Campos eleita em 2008. É só acessar e conferir, falou?





Os jornalistas Gustavo Oviedo, Ricardo André Vasconcelos, Vitor Menezes e Álvaro Marcos quando entrevistaram no "Mercearia Campista", excelente programa da Mult TV, o fantástico cronista esportivo Péris Ribeiro (ao centro).



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HISTÓRIAS QUE EU VI, OUVI E VIVI - NILSON MARIA



DISCURSO INFELIZ

Genro do então prefeito Zezé Barbosa, o Professor Sérgio Diniz foi lançado candidato a Deputado Estadual numa campanha em que Zezé conseguiu o prodígio de apoiar nada menos que quatro candidatos a Deputado Federal: Sady Bogado, Walter Silva, Gustavo Farias e Ronaldo César Coelho.
Eram tempos em que Zezé Barbosa e Alair Ferreira dividiam o poder político e os votos da cidade. Para mim, particularmente, um momento difícil, pois, coincidentemente, nesta época, minha mãe definhava, a caminho da morte.
Contratado por Zezé, eu apresentava os comícios de Sérgio. Entristecido e deprimido pelo estado de saúde de minha mãe, tinha que toda noite, “engessar” um sorriso falso, para não deixar transparecer o meu estado de espírito, pois, afinal, o contratante e o público não tinham nada a ver com os meus problemas pessoais.
Sorrindo, aparentando felicidade, anunciava os oradores e cantores do showmício e, enquanto eles se apresentavam, descia do palanque com os olhos marejados e preocupado com o estado de saúde da minha mãe.
Numa noite, em um determinado bairro da cidade, anunciei o farmacêutico do lugar, homem querido, respeitado e em condições de conseguir muitos votos para o Professor Sérgio Diniz. Desci do palanque enquanto acompanhava o seu discurso.
O orador, empolgado, enaltecia as qualidades do Professor:
- “Filho de família humilde venceu na vida por seus próprios méritos. Ex-seminarista deu a Campos a Faculdade Cândido Mendes...” e seguiu até arrematar:
- “Em suma, senhoras e senhores, Sérgio Diniz que aqui está...”
Nesse momento, percebendo que o discurso caminhava para o final, voltei para o palanque, enxugando os olhos, enquanto o orador concluía:
- “Sérgio Diniz que aqui está é tão honesto, tão honesto, que nem parece político!”
Num palanque recheado de políticos o discurso teve um efeito devastador. E eu, apesar de triste, me contive para não cair no riso, diante da infelicidade do orador.
Ele foi vetado e, até o fim da campanha, proibido de fazer novos pronunciamentos públicos.

Aposentado, radialista, apresenta o Programa Nilson Maria, de Segunda a Sexta-Feira, entre 15:00 hs e 18:00 hs, na Rádio Absoluta AM – 1.470.


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FRASE DA SEMANA, QUER DIZER DO ARNALDO BLOCH:

"Toda decisão é um erro".


Expediente:

A Revista de Campos é uma publicação semanal, atualizada sempre aos domingos. Todas as informações contidas aqui são de responsabilidade dos respectivos autores, não interferindo este veículo em suas opiniões. Ressaltamos ainda que os nossos colaboradores não possuem qualquer vínculo empregatício.

domingo, 1 de agosto de 2010

Número 1 – Domingo, 1° de agosto de 2010.


Daniela dos Santos Gomes, ex-Rainha do Carnaval de Campos, numa das fotos do ensaio fotográfico que brevemente poderá ser conferido em carnavarazzo.blogspot.com


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Ao criar esta Revista de Campos, Marcelo Sampaio desativou o Blog do Sampa que mantinha na Internet desde 2008. No entanto continuará a entregar o Troféu Cultural a uma pessoa de destaque, por ano, na cultura campista.

Esta nossa primeira edição é quase em caráter experimental, pois muito do que já planejamos ainda não colocamos no ar. Assim como a coluna de variedades, que será assinada pela professora de Artes Elaine Oliveira, só vai estrear na próxima semana.

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NO MAU SENTIDO - MARCELO SAMPAIO

Nova visão de mundo

Cheguei a pensar que não mais publicaria a coluna “No Mau Sentido” em algum lugar. Aos que ainda não sabem a dita cuja foi criada para o Jornal Multimídia, do meu querido amigo Antônio Filho, e por motivos que não interessam agora desde o ano passado deixou aquele veículo de comunicação online.
Todo este tempo sem escrever me deixou não só com muitas idéias acumuladas como bastante ansioso por polêmicas. Num dos meus incontáveis dias de profundas reflexões, me dei conta de que a melhor definição para mim é que não passo de um incorrigível afro-indecente.
Na verdade, atualmente, possuo nova visão do processo civilizatório que não está à esquerda nem à direita e sim à frente. Por esta ótica entendo que todos os seres vivos necessitam de água potável, terra fértil e ar puro. Sendo assim, algumas questões e discussões não fazem qualquer sentido mais...
Pare o mouse: O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria!

Fracassos & Derrotas
@ Quando determinado vereador de Campos disse numa entrevista que tinha convecção do que falava, só reforcei a minha convicção de que em termos gerais é muito baixo o nível intelectual dos poderes legislativos brasileiros...
@ São tantas as falhas de alguns apresentadores de televisão em Campos que as ditas cujas podem ser enumeradas tanto por ordem alfabética como cronológica.
@ Determinadas pessoas são tão cínicas, que duvido alguém ter coragem de comprar um veículo usado delas.


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PEQUENO CADERNO DE ENSAIOS - CARLOS ALBERTO BISOGNO


Back to the Future - Parte I







Quando em 28 dezembro de 1895, pela primeira vez um filme foi projetado publicamente pelos irmãos Lumière em uma sala nos fundos do Grand Café no Boulevard des Capucines parisiense, os 30 expectadores presentes assistiram a uma cena simples e curta chamada "L'Arrivée diun Train a La Ciotat": um trem chegando a uma estação. A impressão causada fora tão forte, que, assombrados, muitos saíram correndo da sala de projeção para evitar que fossem “atropelados” pelo trem que se aproximava. Era o início de uma das evoluções mais importantes da era “pós-revolução industrial” ainda estranhada pelos olhos virgens da população da época. Assim, em poucos meses, todas as grandes cidades da Europa tinham filmes em exibição.Pois que assistir uma projeção 3D é sentir-se parte dessa história.


O 3D digital já é considerado a terceira revolução cinematográfica, depois do som e da cor. E o que parecia impossível aconteceu: nossos olhos se mostram novamente virgens. Ingênuos, estendemos as mãos para tocar imagens que fluam no ar ao nosso alcance. Desviamos o olhar quando areia é jogada em nossos olhos. Vivemos a magia de enxergar pela primeira vez o inimaginável à realidade.


Durante muito tempo, a indústria cinematográfica estudou novas formas de entreter a população. Nesses 100 anos de cinema, as tecnologias sofreram inúmeras transformações e dentre as mais promissoras surgiu a tecnologia de visão estereoscópica, mais comumente chamada de visão 3D. A novidade inicialmente teve vida curta no cinema: surgiu em torno dos anos 50 para morrer logo depois, em 1953. Em 2008, começou um movimento buscando atrair a atenção para o 3D anunciando que este voltaria com melhoramentos significativos. A verdade é que esses melhoramentos só se referem à tecnologia de captação e visão, mas não proporcionam nada além daquilo que era possível até então. Isto é, a tecnologia ainda se baseia na paralaxe que é a distancia horizontal da visão esquerda para a direita; ainda simula a disparidade existente na retina, o que causa nossa natural percepção em três dimensões dos objetos; e por último, porém muito conveniente avisar, ainda pode causar dores de cabeça, como as imagens captadas por câmeras tremidas, moda na atualidade, resultado do esforço ótico que fazemos ao tentar naturalmente focar imagens em planos desfocados.


“Tridimensionalidade é aquela vista além do primeiro plano” assim definiu de maneira rápida e direta J.R.R. TOLKIEN (escritor e criador da saga “Senhor dos Anéis”), pode parecer óbvio mais vale lembrar que isso foi dito na década de 50. Por anos, 3D foi sinônimo de objetos propositalmente lançados em direção à tela, um mero truque visual. Desde 2007, as coisas mudaram! Entre as mais de trinta animações realizadas em 3D, muitas nasceram de forma diferente. São filmes interessados em aproximar o publico da realidade apresentada em cena, obras capazes de demonstrar a tridimensionalidade de Tolkien, pois, o simples ato de lançar algo em direção à platéia não funciona mais, esse era o truque dos anos 80, a preocupação agora era integrar de forma “orgânica”.


O novo processo de filmagem 3D envolve um número maior de câmeras, que simulam a visão humana, gerando assim uma imagem composta por três espectros. A noção de profundidade e movimento é gerada graças à sobreposição de imagens sob perspectivas ligeiramente diferentes: uma para o olho esquerdo, outra para o olho direito. Esse efeito só acontece porque cada olho gera uma imagem 2D ligeiramente diferente e o deslocamento produzido entre a imagem do olho esquerdo e o direito interpretadas pelo cérebro nos faz ver em 3D. Existem quatro sistemas de exibição 3D. O anáglifo é o mais simples. Pode ser projetado em qualquer tipo de tela e é aquele dos famosos óculos de lentes azul e vermelha (totalmente desconfortável por sinal). O Dolby Digital que usa uma tela branca, com um tratamento especial perolizado, que a torna mais cara. O Real D e iMAX são os mais populares (dominam 97% do mercado), onde o filme é refletido numa tela prateada e o espectador se serve de óculos com lentes linearmente polarizadas de policarbono, parecidas com aquelas fotossensíveis acinzentadas. Elas funcionam como um filtro do projetor: selecionam as ondas de luz que são refletidas pela tela prateada e só deixam passar o foco de uma das duas faixas do filme para cada olho que só vão se reunir quando chegarem ao cérebro dando a ilusão que a cena chapada na tela tem profundidade.


Avatar foi, sem dúvida alguma, um grande avanço no que diz respeito à criação de ambientes e personagens totalmente gerados em computador e voltados a dar ainda maior destaque a tecnologia estereoscópica - e também é importante observar como James Cameron se mostrou capaz de explorar a projeção 3D sem, com isso, cair na velha armadilha de incluir diversos momentos em que algo "salta" para fora da tela, assustando o espectador de maneira artificial e lembrando o público de que, afinal de contas, tudo aquilo não passa de um filme. Porém, por mais madura que tenha sido a abordagem do cineasta, é possível que só venhamos realmente a testemunhar um avanço real na linguagem narrativa do 3D dentro de alguns anos, o que, apesar de natural, não deixa de ser frustrante.


Continua...


http://cinemabisogno.blogspot.com/
http://musicaencena.blogspot.com/
http://cadernodeensaios.blogspot.com/
http://www.dailymotion.com/CarlosAlbertoBisogno


Notas de rodapé: Boulevard Shopping Campos é o primeiro do segmento feito em Campos dos Goytacazes que contará com salas de cinema digital e 3D. O projeto está programado para inaugurar em abril de 2011.

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MINÚCIA - LÍVIA NUNES


“Conceição, eu me lembro muito bem”
Entrevista com a cantora Elza Soares e a mulher guardada dos palcos, Conceição

“Eu vi os pés dela”, ele disse. Mesmo sendo um homem adulto, o comentário do repórter ao olhar pela fresta da porta do camarim, que se abriu e fechou logo em seguida, não fugiu ao ar de idolatria. Eu também vi seus pés, estavam erguidos no sofá, mas não comentei, fiquei em silêncio me questionando se ia conseguir trocar, ao menos, algumas palavras com a cantora Elza Soares.

Quando ela chegou ao palco do Teatro Trianon, na cidade de Campos — minha cidade —, sei que apertei os olhos para vê-la com atenção, não queria perder um detalhe de quem era aquela que via na televisão, de quem ouvia comentários, de quem estava em minha mente desde sempre como alguém, que para mim com pouco mais de 20 anos, sempre existiu, sempre foi cantora e sempre foi famosa.

O microfone falhou e ela inusitadamente: “Que maldade...”. Eu ri. Tornozelo torcido, maquiagem famosa e eu a via perfeitamente de onde estava. Ela sentava e levantava, cruzava as pernas, abaixava o vestido. Era ela. E quando sua voz cantou o verso “A carne mais barata do mercado é (minha) carne negra”, eu sabia que não estava ali por acaso e precisava falar com ela.

Quando o show terminou, saí com o coração aos pulos para o camarim, abriram a porta e pude entrar. Agora, eu era a repórter e ela a entrevistada. Mas, não gosto de formalidades, então, conversamos.

— Lívia, pra te falar a verdade, não é nem demagogia. Eu sou muito segura nas minhas palavras, nas coisas que eu faço. Eu ainda me busco. Se eu fosse me definir agora, seria agora e depois o que seria? — Eu não esperava essas palavras, mas sabia que seria com essa resposta que descobriria o tom de quem era aquela cantora que subia ao palco cheia de força. Que sorria e brincava, mas cantava com uma dor imensa na voz.

Se fosse arriscar se definir, diria, simplesmente, “Sou mulher, negra, choro, canto, sorrio, fico triste, fico alegre. Eu tenho dores também, como todo mundo. Tenho alegria também, como todo mundo. Um ser humano, mas um ser humano que às vezes foge do normal do ser humano: na hora em que eu me visto pro palco. Então, aquele ser humano fica guardadinho no cantinho”, disse e, nesse momento, tocou na ferida. Até que ponto ela é a Elza Soares do palco? Perguntei se havia diferença entre a cantora e a mulher.

— A diferença é que eu não levo a Elza Soares cantora pra dentro de casa porque seria muito chato conviver com a Elza Soares dentro de casa. Eu não canto em casa, eu não canto no banheiro, eu não canto na cozinha, que amo cozinha. Imagina Elza Soares na cozinha toda maquiada, de salto alto, ia ser estranho, né? Então, ela fica muito guardadinha pro palco. A Elza Soares de casa é a Conceição — revelou.

Durante a conversa, seu jovem marido estava próximo e a olhava, assim como eu, atento. E eu queria saber quem era a Conceição, a mulher de casa, a mulher casada.

— A Conceição gosta de cozinhar. A Conceição gosta — e olhou para o marido — de namorar muito. Ouvir jazz o dia inteiro praticamente. Conceição é essa pessoa que fica sem roupa dentro de casa. Como é que eu ia trazer Conceição pro palco, se ela não é decente? Anda sem roupa nenhuma — contou tranquilamente.

A cantora é conhecida, seu nome é lembrado, Elza tem fama, que é o desejo de muitos. Mas, era isso que a menina buscava quando procurou os shows de calouros? Queria ganhar prêmios, passar a vida diante os holofotes?

— A gente não tem nunca um ideal. A gente quer ser alguma coisa na vida. E como mulher, negra, menina de família pobre, mãe aos 12 anos, o que eu precisava era de um emprego que eu ganhasse dinheiro, que eu pudesse sustentar os meus filhos e que eu pudesse ter uma vida digna, decente, que pelo menos tivesse um bom feijão com arroz dentro de casa e quando você entra num trabalho, lógico, você quer que seja o melhor. Então, quando eu comecei a cantar, eu queria que o meu trabalho, não fosse o melhor de todos, mas o melhor de mim mesma. Sempre eu quero ser um pouquinho melhor que eu. Não posso ser melhor que ninguém se eu não for um pouco melhor que eu. Então, eu acho que busquei cantar, que seria mais fácil porque estudar seria difícil, pra sair de uma fábrica de sabão, de operária para a arte. Mas, casada aos 12 anos — ela repetiu como quem se abdica — e ainda me deram o direito de estudar, por causa do Grande Otelo. Sou uma atriz formada, fiz direito até o último período, depois eu não quis mais. Falei: não é isso que eu quero, eu quero cantar. Eu sempre quis um cadinho mais. Eu não tenho essa missão de querer o mundo pra mim porque eu não vou levar nada do mundo, então, o que me cabe, eu quero — revelou intimamente a cantora.

Para encerrar a conversa e lembrando que Elza Soares recebeu, no ano 2000, o prêmio de Cantora do Milênio pela BBC de Londres, quis saber o que dá a ela esse título, o que faz dela a cantora do milênio?

— O que faz de Elza Soares a cantora do milênio?! Uma responsabilidade imensa porque eu tenho uma responsabilidade para com todos de ser uma cantora com esse mérito. Então, é sempre mais difícil você ser menos. Então, você tem que ser um pouquinho mais naquilo que você faz. Buscar melhorar sempre, ter capricho, ter cuidado, fazer jus ao prêmio — disse humildemente e terminou abraçada aos próprios ombros e me olhando nos olhos.

Fiquei calada um instante, olhando-a, ficamos em silêncio. O típico silêncio de que gosto e ela ainda completou, lembrando da falha do microfone no início do show:

— Eu ia cantar sem microfone hoje — ela disse.

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POR DIOGO D'AURIOL


Deitado sobre a escassa vegetação que cobre as areias da praia sanjoanense Chapéu de Sol, observei por mais de meia hora o balé das nuvens e a indiferença delas em relação a tudo que nos encerra. Estão sempre alheias aos nossos problemas, às nossas catástrofes humanas, etc. Ferreira Gullar fez um poema no dia da morte de Clarice Lispector que ilustra o que escrevo: Morte de Clarice Lispector; “Enquanto te enterravam no cemitério judeu do Caju / (e o clarão de teu olhar soterrado resistindo ainda) / o táxi corria comigo à borda da Lagoa / na direção de Botafogo / as pedras e as nuvens e as árvores no vento / mostravam alegremente que não dependem de nós”.
Uma estrela nunca deixará de brilhar ou uma pedra nunca se desmanchará em pó pela razão da morte de alguém, por mais importante que esta pessoa seja para a Humanidade. Parece piegas, mas a morte do escritor José Saramago no último dia 18 de junho fez com que eu refletisse mais sobre minha existência. Ele definia a morte da forma seguinte: “... é simplesmente a diferença entre o estar aqui e já não mais estar”.
Com este texto inicio a minha colaboração como colunista do revistadecampos.blogspot.com.br. Meus temas serão sempre diversos e diversificados, pretendo ir do humor ao trágico, navegando pela realidade e pelo lúdico.

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HISTÓRIAS QUE EU VI, OUVI E VIVI - NILSON MARIA


APRESENTAÇÃO
Eu tinha menos de 13 anos de idade quando o radialista Bueno Braga transferiu para Campos a Rádio Atafona, de São João da Barra. Instalada no Boulevard, com o nome de Rádio Educadora Goitacá, entrou no ar, em caráter experimental, com uma programação musical e um texto que, até hoje, 49 anos depois, não me sai da mente:
“As portas da fama e da fortuna estão abertas para você! Venha ser locutor da Educadora”.
Diante de um chamamento desses, eu, criança, de calças curtas, que, já então, era fascinado por rádio, insisti com meu avô, o Capitão Julio Nogueira, à época proprietário do jornal A Cidade, que realizasse o meu sonho de ser locutor.
E ele me atendeu. Levou-me à Rádio, apresentou-me ao Bueno Braga e recomendou-me. Na mesma hora eu já estava ao microfone, anunciando as músicas e falando um prefixo que, também, jamais esqueci:
“Das margens do Paraíba para os céus do Brasil transmite a Educadora”.
Aquilo para mim era o máximo. Criança ainda e falando numa emissora de rádio. Só que eu, apesar de toda a boa vontade, era tremendamente gago e, como toda criança da época, colecionava estampas de sabonete Eucalol e figurinhas de jogador de futebol.
Levava tudo para o estúdio e, enquanto falava, jogava ”bafo”, uma espécie de jogo que as crianças de hoje em dia não conhecem mais. Não percebia que, com o microfone aberto, os tapas na mesa do tal jogo produziam um barulho devastador no ar.
Ao final de um mês, Bueno Braga chamou-me e, com muita cautela, sugeriu-me estudar, procurar outra atividade pois radialista não seria jamais – pela gagueira e pelo barulho que fazia no estúdio.
Desci chorando as escadas da Rádio Educadora, e, coincidentemente, encontrei-me com Aury Fonseca, grande repórter da época que, penalizado pelas minhas lágrimas, levou-me até a Emissora Continental onde trabalhava.
A partir daí e depois de um treinamento de dicção e impostação de voz com a querida Evany Medina, o rádio entrou definitvamente em minha vida. Mesmo durante os 30 anos de atividades no Banco do Brasil, sempre que possível, permaneci ativo no rádio.
Depois de 49 anos é certo que eu tenha pelo menos uma virtude: Ser um bom contador de “causos” acumulados ao longo de minha vida profissional. É o que pretendo fazer. Vou estar semanalmente aqui, contando as Histórias que eu Vi, Ouvi e Vivi...

Aposentado, radialista, apresenta o Programa Nilson Maria, de Segunda a Sexta-Feira, entre 15:00hs e 18:00hs, na Rádio Absoluta AM – 1.470.

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FRASE DA SEMANA, QUER DIZER DA LENY ANDRADE:

"No Brasil, sucesso não combina muito com qualidade".


Expediente:

A Revista de Campos é uma publicação semanal, atualizada sempre aos domingos. Todas as informações contidas aqui são de responsabilidade dos respectivos autores, não interferindo este veículo em suas opiniões. Ressaltamos ainda que os nossos colaboradores não possuem qualquer vínculo empregatício.